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      27/04/2011 | Maria Sylvia Ferraz Silva

      Palestra: Ao Mestre com carinho e emoção

      Vida e Obra do Professor Sylvio Bueno Teixeira


      Digníssimas autoridades que presidem a mesa desta noite.

      Prezados Senhores e Senhoras,

      As pessoas presentes, e as que não tiveram conhecimento ainda, podem se emocionar comigo sabendo da motivação absolutamente fantástica da vida do mestre Sylvio Bueno Teixeira.

      Senhor de impecável formação pessoal, viveu intensamente na sua responsabilidade como professor, e extravasou seu talento artístico, não só dentro do campo profissional como no terreno de beneficência.

      Senhor de singular caráter, ciente e consciente de seu papel perante a família humana e a sociedade, o mestre Sylvio jamais se acomodou e deu de si o mais que pode, dentro do campo pedagógico. Se levarmos em conta o homem como modelo de personalidade marcante, o professor, o conferencista, o jornalista, o escritor e sobre tudo com o merecido título de ser ele, o maior “ortofonista” do Brasil e face do muito que ele merece, este preâmbulo, este intróito e tudo que for lembrado será muito pouco e insignificante.

      Por que não se faz uma história, como a história rica de valores igual ao do mestre Sylvio Bueno Teixeira, que nasceu em Campinas no dia 22 de Abril de 1909, falecendo também em Campinas no dia 14 de Dezembro de 1991.

      Tinha como seu pai, Sr. Amador Bicudo Teixeira e como sua mãe Dna. Silvia Bueno Teixeira.

      Mestre Sylvio fez seu curso preparatório no colégio Ateneu Paulista em Campinas e no Instituto Moderno de Educação e Ensino em Santa Rita de Sapucaí, em Minas Gerais.

      De 1926 a 1928, estudou teoria musical e piano em Campinas, com o maestro João Amaral e violino com o maestro Luiz de Túlio.

      Teve como professor de canto em Campinas, o barítono italiano Francesco Prota e canto coral, mestre Primo Sartori.

      Sedento de conhecimento e cônscio de sua grande responsabilidade profissional e artística, mestre Sylvio não se limitou às letras nacionais e viajou em 1929 para a Europa à procura de aprimorar seus conhecimentos e estudos pela Itália e Espanha, fazendo seu aprendizado desde 1929 a 1933, estudando matérias correlatas, e em Nápoles, freqüentou cursos de dicção e arte cênica.

      De retorno ao Brasil com extraordinária bagagem e conhecimento artístico, foi que sendo barítono, realizou em Campinas e em outras cidades do estado, inúmeros concertos profissionais e beneficentes.

      Cantou em várias emissoras de rádio, inclusive na rádio Bandeirantes de São Paulo, e foi um dos fundadores da extinta Sociedade Amigos da Arte de Campinas.

      Em 1935, fundou a Escola de Canto e Ortofonia, funcionando em sua residência.

      Em 1937, lecionou canto no estúdio Breno Rossi, em São Paulo.

      De 1937 a 1938, cantou óperas sobre a batuta de vários maestros famosos.

      De 1946 a 1949, lecionou no Conservatório de Jundiaí e foi professor de canto no Instituto Musical Dr. Gomes Cardin em Campinas e no conservatório de Ribeirão Preto.

      De 1949 a 1970, foi professor titular de Técnica Vocal da Universidade Católica de Campinas.

      De 1953 a 1968, foi professor de canto no Instituto Adventista de Ensino em São Paulo.

      De 1960 a 1961, lecionou no Rio de Janeiro para cantores do Teatro de Ópera do Automóvel Clube do Brasil.

      Em 1965, ministrou aulas de canto no Santa Marcelina de São Paulo. De 1965 a 1972, no Conservatório Musical Carlos Gomes de Campinas.
      Várias homenagens e condecorações lhe foram outorgadas. Além do título de ser ele o maior Ortofonista do Brasil, recebeu a medalha “José Vieira de Couto Magalhães”, oficializada pelo Governador do Estado de São Paulo e conferida pela Sociedade Geográfica Brasileira.

      Foi homenageado pelo Rotary de Campinas/Norte, em 19 de Setembro de 1961 e no Campinas/Leste em 02 de Junho de 1975.

      Fez inúmeras palestras em entidades importantes, como no Instituto de Fisiologia da Faculdade de Medicina de Campinas e no auditório do Hospital Nossa Senhora das Graças em Curitiba.

      Colaborou nos jornais Diário do Povo, Correio Popular, A Defesa, Jornal de Campinas e a comarca de Mogi Mirim.

      Era membro da Academia Campineira de Letras e Artes ocupando a cadeira número 30, e tinha como patrono José Pedro de Sant´Ana Gomes.

      Além da sua biografia e destas atividades profissionais, homenagens e títulos recebidos, o ápice da história do mestre Sylvio esta marcado pela valorosa riqueza dos livros que escreveu, fazendo do gabinete de trabalho, como uma câmara de treinamento com valiosas informações a cerca de toda a sua pedagogia de professor.

      O livro “A Arte de Cantar” onde ele diz que é a arte das mais lindas e elevadas, ensina com maestria os princípios fisiológicos dentro do sistema vocal benéfico e coloca os resultados da sua longa experiência de ortofonista.

      “A voz, a fala e a mente”, livro onde o mestre Sylvio trabalha com vozes e como educá-las, se dedicando à ortofonia estética e terapêutica, com estudos teóricos e práticos da voz e da fala.

      Nesse livro mostrando a sutileza de sua sensibilidade, tem o cuidado de estudar as alterações da ordem psíquica e da mente, colocando ensinamentos indispensáveis à valorização da personalidade que irão refletir na voz e na palavra.

      Em 1970, o mestre Sylvio lançou o livro “A voz e a fala do surdo congênito” - que é uma obra que merece ser constantemente divulgada, para que o maior número de educadores possa dela utilizar em benefício dos educandos e que trabalham com a linguagem humana.

      Publicou “Estudos sobre a voz cantada”, “Problemas da voz e da fala”, “Dificuldades da leitura, da escrita e da fala”, entre outros, na sua intensa atividade jornalística e de consagrado autor.

      Sempre devoto à ciência “ortofônica”, por ele chamada, simplesmente maravilhosa, a cultura, a educação, a ciência, a medicina e arte continuavam desenvolvidas na capacidade e devotamento, do idealismo por toda a sua vida.

      O que não era muito conhecido no meio artístico era que o mestre Sylvio fazia com maior relevância e humanidade, cuidava com amor, corrigia defeitos de voz e de ouvido e recuperava calos nas cordas vocais.

      As pessoas que tinham câncer na laringe e após operação ficavam sem a voz. Com um curso, espécie de tratamento que o mestre administrava, era recuperada a voz.

      Doutor Rene Pena Chaves, voltou a exercer a profissão após o curso, deixando valoroso testemunho.

      Muitos de seus discípulos conquistaram o primeiro premio em concursos públicos e oficiais.

      Entre seus inúmeros alunos, figura uma lista de nomes agradecidos e orgulhosos, dentre eles:
      Norma Vicente, soprano ligeiro. Nilze Miriam de Araújo Viana, soprano lírico. Juvenal Santinato. Dr. Moacir de Almeida Ramos. Arly Gomes Ribeiro, barítono. Henrique Rocha, tenor. Lineu Pastana, barítono. Alberto Medaljon, baixo. Salvador Caruso, tenor. Jelvys Mareschi, barítono.

      Em atividades nos dia de hoje:
      Marcelino José do Carmo, tenor, seguindo as pegadas do mestre, atualmente lecionando aulas de canto. Rodolpho Caniato, aluno aproximadamente por cinco anos e tomou parte em vários concertos no Teatro Municipal Carlos Gomes, em 1970 ajudou a montar o “Guarani” e interpretou Dom Antonio, celebrando o centenário da estréia da obra de Carlos Gomes.

      E um grupo de senhores, liderado pelo prof. Alcides Acosta, se encontra em atividades semanais nas reuniões de arte e nas apresentações da Associação Brasileira Carlos Gomes de Artistas Líricos, os seguintes cantores:
      Vicente Monteiro, tenor. José Marialva, tenor. Antonio Istopiglia, tenor e Rodolpho Caniato, baixo. Estão de parabéns.

      Niza de Castro Tank, cantora lírica, uma das alunas que por três anos acompanhou os ensinamentos do mestre e depois desfrutou da convivência artística com ele. Com doutorado e professora de canto e teoria vocal na Unicamp, atualmente com marcantes apresentações têm seu nome divulgado no Brasil e exterior.

      E para admiração de todos os presentes, venho com muita humildade lembrar que também fui aluna do mestre Sylvio, quando menina de treze anos, morando na Rua Guilherme da Silva 353, tinha aulas de canto no 426, e meu pai transferido para Florianópolis, minha vida tomou outros rumos. Fiz coisas boas por lá e quando voltei, fiz canto, violão popular e declamação.
      Guardo com orgulho um artigo do Correio Popular do mestre Sylvio “Poesia e Declamadores” que muito me ajudou nas aulas de declamação. E nunca poderia imaginar como Acadêmica das Forças Armadas, meu patrono seria o professor Sylvio Bueno Teixeira, e hoje emocionada fazendo uma palestra sobre ele, cujo título, tive a feliz idéia de denominar...”Ao mestre com carinho e emoção”

       

      Palestrante: Maria Sylvia Ferraz Silva





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