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      22/05/2010 | Roberto Tortorelli - Da lei à música

      Da lei à música, uma voz a serviço da vida

      Advogado e tenor usa talento para alegrar pacientes e crianças

      Quando era menino, lá em Viradouro, Roberto Tortorelli chamou a atenção da família. Para a idade, ele tinha um vozeirão daqueles. E o padre Emílio, mais que depressa, o chamou para cantar no coral da Matriz. Além de encantar os católicos com os versos clássicos de Panis Angelicus, o garoto também se divertia com os marmanjos. Tinha só 12 anos. Mas, de madrugada, sem o pai saber, pulava a janela, se juntava aos marmanjos e participava de serenatas de madrugada. Em 1957, quando fez 18 anos, se mudou para Campinas para estudar. Morando de favor na casa de um tio, ele conciliava a faculdade com aulas de canto.

      No Conservatório Campinas, ali pelo Largo do Pará, a professora Tiana Amarante lapidou o talento do tenor ligeiro. O rapaz se formou advogado e contabilista, mas nunca deixou de cantar. Moço ainda, fazia serestas com os amigos do Grupo Tajapanema. Também se apresentou em teatros, cinemas, associações, clubes e corais. E hoje, aos 72 anos, longe dos palcos, canta para pacientes internados no hospital, crianças da creche e meninos de rua. Talento com fim social.

      Católico fervoroso, ele acha que obrigação mesmo é cantar na igreja. Começou garoto nas missas cantadas, ladainhas e hinos. De pequeno, arriscava o latim (de tanto ouvir). E, ainda hoje, assume o microfone das missas de sábado na Paróquia de São Pedro Apóstolo, da Chácara da Barra. E foi o cônego Júlio, daquela paróquia, que deu ideia para que ele cantasse em hospitais. Volta e meia ele passeia por corredores do Vera Cruz, Centro Médico e Santa Casa de Valinhos. E deixa de presente para os pacientes um CD independente, que ele gravou com dinheiro do próprio bolso. “Ah, nem sei quantos circulam por aí. O pessoal vai tirando cópia, distribuindo”, disse.

      Tortorelli não sabe dizer que benefícios a música traz à saúde. Mas ele sente, pelos telefonemas recebidos, que consegue ajudar no tratamento dos convalescentes. “Quando o paciente ouve Ave Maria, de Gounod, o coração fica em paz. Tem gente que deixa o aparelhinho de som no criado, ao lado da cama, só para ficar curtindo a melodia.”

      Ah, mas Tortorelli sabe, neste País, não dá para sobreviver da arte. Ele mesmo não deixa de trabalhar no próprio escritório de advocacia, na Vila Nova. Dali ele tirou o dinheirinho para, ao lado da patroa Maria de Lourdes, criar quatro filhos. Da ópera, só teve cachês modestos: toda a vida pingaram convites para festas e eventos. Do palco histórico do Teatro Municipal ao jantar barulhento da Casa d'Italia, das noitadas do Cultura Artística às reuniões de notáveis do Centro de Ciências Letras e Artes (CCLA), o tenor desfilou o repertório versátil: árias consagradas, música clássica italiana, MPB, baladas pop.

      Cantar em casamentos virou, assim, uma marca registrada sua. Ele fala de um mês de maio muito especial, na Igreja de Santo Antônio (Ponte Preta), quando cantou em uma dúzia de matrimônios. Tudo num dia só. Lembra que a “maratona” começou às 14h e acabou lá pelas 20h. A lista de músicos campineiros que foram parceiros nas apresentações é imensa. Seria até uma injustiça relacionar nomes. Mas Tortorelli faz questão de dizer que, historicamente, a cidade tem artistas marcantes, que sempre sonham com a oportunidade de se apresentar em salas dignas.

      “Até no badalado Teatro Municipal, demolido em 1965, os artistas conviviam com infraestrutura precária. Não dava para salvar nem os banheiros dos camarins. Hoje, a gente vê que o governo municipal anuncia reformas”, afirma.

      “O dinheiro público banca obras no Castro Mendes, que nunca foi um teatro acusticamente adequado, ou na recuperação da caravela da Lagoa, que não tem nada a ver com a nossa história e nossa identidade. Oras, por que a Prefeitura não usa o patrimônio que tem para erguer um teatro de ópera decente, dar espaço para talentos da cidade? A própria Pedreira do Chapadão pode ser transformada em um espaço cultural decente”, sugere o advogado e tenor.

      SAIBA MAIS - Confira as apresentações

      Bimensalmente, o tenor canta nos eventos da terceria idade no Cine Topázio, em Indaiatuba. E também se apresenta em casamentos de todas as paróquias da cidade.

      O telefone do escritório de Tortorelli é o (19) 3241-2479. Interessados podem escrever para roberto@tortorelliadvogados.com.br.

       

      Correio Popular

      Rogério Verzignasse
      DA AGÊNCIA ANHANGUERA
      rogerio@rac.com.br

       





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