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      18/07/2019 | Campos do Jordão

      Campos do Jordão: o paraíso das aves

                 O dia ainda amanhece e eles já estão de pé. Após um café reforçado para enfrentar o frio, checam os equipamentos e partem para mais uma caçada.

      O destino: Horto Florestal de Campos do Jordão, que reúne a maior floresta de Araucárias do estado de São Paulo. A área é de preservação ambiental, ideal para os “caçadores” avançarem com suas câmeras.

                  Vestidos com roupas discretas, quase camufladas para não chamarem a atenção, eles caminham lentamente pelas trilhas que cortam o Parque Estadual. Com olhos atentos, observam a paisagem ao redor e, ao mesmo tempo, aguçam os ouvidos para tentar identificar o som de suas presas. Os passos são leves, quase imperceptíveis, para evitar que os pássaros se assustem. O silêncio é estratégico nesta busca quase sempre demorada e que exige muita paciência também.

                  Assim é a rotina dos observadores de aves que frequentam Campos do Jordão. Além de principal destino de inverno do país, a estância também é referência na serra da Mantiqueira para essa atividade que está em plena expansão no Brasil. “O clima gelado e a altitude garantem as condições ideais para a presença de diversas espécies aqui”, explica Thiago Carneiro, guia ornitológico que há 14 anos conduz os turistas pela mata.

       

      Espécies raras

      Não é por acaso que cada vez mais pessoas sobem a serra interessadas neste novo tipo de turismo sustentável. 307 espécies já foram catalogadas em Campos do Jordão e desse total, pelo menos 27 são exclusivas da região, sendo muitas delas raras.

      A seguir alguns exemplos de espécies que podem ser vistas pelos turistas:

      Saudade: pássaro de penas pretas, bico e ponta das asas amarelas que vive em montanhas acima de 1.700m de altitude. Thiago Carneiro conta que é uma ave fácil de ser identificada pelo seu assovio longo e melodioso. Difícil é dar de cara com ela, que raramente se deixa fotografar. “Dizem que ela recebeu este nome porque é comum deixar os observadores na saudade”, revela o especialista.

      Papagaio-de-peito-roxo: Ave ameaçada de extinção, muito cobiçada por contrabandistas de animais silvestres. O desmatamento também pode comprometer a existência dessa espécie que tem as matas de Araucárias como seu habitat. É um dos pássaros preferidos dos estrangeiros. Muitos viajam da Europa e Estados Unidos apenas para observá-los em Campos do Jordão. Turistas da China também perseguem o Papagaio-de-Peito-Roxo. Segundo Thiago, os observadores de outros países trazem apenas binóculos. Entrar na floresta com máquinas fotográficas é hábito do brasileiro.

      Tovaca-de-rabo-vermelho: É uma espécie considerada raríssima, muito difícil de ser observada. Trata-se de uma ave pequena e rasteira, parecida com uma codorna. A plumagem é um pouco ruiva com cauda avermelhada. Em Campos do Jordão, ela vive no Pico do Imbiri, outro lugar excelente para observação de pássaros.

      Gavião-pega-macaco: É uma ave gigantesca. As asas atingem de uma ponta a outra cerca de 1,70m de envergadura. Sua altura pode chegar a quase 80 cm. A plumagem é preta no peito com dorso marrom escuro e a ponta das asas tem penas brancas. Em Campos do Jordão pode ser avistado no Vale Encantado, mais um endereço comum das passarinhadas, como são chamadas as excursões para observação de aves.

      Lazer sustentável

                  No Brasil existem cerca de 30 mil observadores de aves. A imensa maioria usa máquinas fotográficas durante as expedições. Um bom binóculo e uma máquina fotográfica profissional custam um pouco caro, mas a durabilidade compensa o investimento. É preciso também uma lente teleobjetiva, que permite flagrar os pássaros à distância.

                  A observação de aves é um aprendizado. A cada passarinhada descobre-se um pouco mais sobre a nossa fauna. Quanto mais frequente, maior o conhecimento. Em estágios avançados, até pelo canto é possível reconhecer as espécies. Quando surgem aves ainda não conhecidas, poder identificá-las causa uma sensação indescritível.

                  Thiago Carneiro é o único guia ornitológico da região. Além de Campos do Jordão, ele leva observadores por toda a serra da Mantiqueira. Existem dois tipos de expedição: para observar as aves são pelo menos dois dias. Já para fotografar é preciso, no mínimo, quatro dias. A atividade conquista cada vez mais adeptos. Por mês ele atende, em média, 16 pessoas que visitam a estância interessados apenas nos pássaros.

      As passarinhadas começam às 6h30 e vão até 20h, dependendo das condições climáticas e da disposição dos observadores, que precisam ser atentos, curiosos, silenciosos e, principalmente, tranquilos porque é comum passar o dia inteiro na mata e não conseguir avistar os pássaros. Por isso um dia nesta caçada é insuficiente. O preço fica em torno de R$350 a diária.

      A natureza sempre foi o principal atrativo de Campos do Jordão. A observação de aves ajuda a desbravar as mais belas paisagens da Mantiqueira de uma forma sustentável, conecta o corpo e a mente com o ecossistema da cidade sem exigir muito esforço físico. Desde crianças até idosos, todos podem praticar a atividade em qualquer estação do ano.

      Saiba mais em @amecampos.





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