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PSDB pede ao Ministério Público reabertura da investigação do escândalo dos aloprados
A revelação de que o candidato derrotado ao Governo de São Paulo em 2006 e atual ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, determinou a elaboração de um dossiê contra tucanos para prejudicá-los nas eleições daquele ano levou deputados do PSDB a entregarem representação ao Ministério Público pedindo a reabertura das investigações do chamado “escândalo dos aloprados”. O partido também encaminhou ofício à Polícia Federal com a mesma finalidade.
No final da manhã, o líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), e os deputados Carlos Sampaio (SP) e Vanderlei Macris (SP), coautores da ação, foram recebidos pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, na sede do MPF. Em gravação obtida pela revista “Veja”, Expedito Veloso, ex-diretor de Gestão de Risco do Banco do Brasil e atual secretário-adjunto de Desenvolvimento Econômico do Distrito Federal, afirmou que a papelada fajuta foi montada a pedido de Mercadante.
As ações desta quarta-feira (22) integram um conjunto de medidas adotadas ao longo da semana com o objetivo de esclarecer o episódio. Ontem a legenda apresentou cinco requerimentos em três comissões da Câmara pedindo a convocação do ministro e o convite a Veloso. Segundo Nogueira, o partido considera fundamental que as devidas explicações sejam prestadas ao Congresso.
“A gravação é uma prova muito forte que nos oferece total segurança para a reabertura do processo. Se o procurador-geral tomar essa decisão, ele encontrará as provas materiais necessárias para a retomada do assunto e que os culpados sejam apresentados”, afirmou Nogueira. Como destacou o líder, em momento algum Expedito negou a veracidade da gravação. E mais: o denunciante é do próprio PT e ocupa cargo no GDF, comandado por Agnelo Queiroz, outro petista.
Na ação, o PSDB lembra que as investigações abertas há quatro anos não puniram os culpados pelo dossiê e nem conseguiram descobrir a origem do R$ 1,7 milhão usado para comprar a papelada fajuta, até porque não havia sido identificado o mentor da chamada “trama criminosa”, como definem os tucanos. Mas, com a revelação de Veloso, ex-integrante do chamado “núcleo de inteligência” da campanha petista, há elementos necessários para esclarecer o escândalo.
“O caso foi arquivado tendo em vista que não havia nenhum indício direto de envolvimento do então candidato Aloizio Mercadante. Só que agora, mais do que indício, temos um dos que estavam envolvidos no dossiê dos aloprados fazendo uma denúncia qualificada. Portanto, existem fatos novos e relevantes para que haja a reabertura do processo”, destacou Sampaio.
Fortes indícios
A representação entregue à PGR faz uma retrospectiva dos fatos que comprova a relação de outros petistas com o escândalo. A apenas 15 dias das eleições daquele ano, a PF prendeu dois representantes do partido em um hotel de São Paulo com R$ 1,7 milhão. O dinheiro seria usado para pagar aos empresários Darcy e Luiz Vedoin pela papelada, que buscava relacionar o então candidato José Serra a escândalo dos “sanguessugas”. Essa designação foi dada pela PF a uma operação que prendeu integrantes de uma quadrilha especializada em fraudar a compra de ambulâncias liderada por Vedoin.
Subrelator da CPI das Sanguessugas, Sampaio já tinha a convicção de que a participação de Mercadante na trama era óbvia, pois ele seria o beneficiário dos danos eleitorais provocados a Serra. Além disso, seu coordenador de Comunicação na época, Hamilton Lacerda, foi quem levou o dinheiro ao hotel. No entanto, conforme pondera a representação, não havia até então provas que comprovassem o envolvimento do atual ministro, a autoria do dossiê e tampouco a origem do dinheiro, o que levou ao arquivamento das investigações.
A documentação entregue ao procurador-geral da República traz informações extraídas do relatório da CPI que devem ser levadas em consideração em eventual reabertura das investigações. Entre as várias suspeitas levantadas pelos tucanos que devem ser objeto de apuração, está a de que a Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop) pode ter sido a fonte dos recursos. A entidade era presidida na época por João Vaccari, suplente de Mercadante no Senado, e atualmente responde ação civil em razão da suspeita de desvios de recursos para o financiamento de campanhas do PT.
Trecho da representação
“(..) essas informações passadas pelo Senhor Expedito Veloso, “de per si”, já são mais do que suficientes para justificar o aprofundamento das investigações para, além de se indiciar o atual ministro Aloizio Mercadante, descobrir-se a origem do dinheiro e, finalmente, dar aos cidadãos brasileiros uma resposta efetiva sobre todo o ocorrido.”
Ministro sob suspeita
PostDateIcon 22 junho, 2011
Reportagem: Marcos Côrtes