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Associação nasceu depois que artistas protestaram contra a falta de uma sala para ensaios
Parece que foi ontem. Mas a Associação Brasileira Carlos Gomes de Artistas Líricos, a Abal Campinas, foi fundada em 1981. Já são três décadas de existência. O grupo nasceu da iniciativa de intelectuais de Campinas. Cantores, poetas, produtores culturais, jornalistas. Na época, os amigos, todos apaixonados por música, se manifestaram indignados pela falta de um espaço estruturado para ensaios e apresentações. E o barulho deu resultado. A Prefeitura permitiu que a turma se encontrasse no saguão do Centro de Convivência Cultural (CCC). Na festa de inauguração, o grupo cantou com um piano emprestado, para quem quisesse ouvir.
O nome do maestro Carlos Gomes foi incluído no nome para diferenciar a entidade campineira da Abal carioca, que já existia. Os recitais duram até hoje. Nesses 30 anos, os cantores passaram por várias casas. Começaram na Sala Carlos Gomes, ali mesmo no Convivência.
Depois, passaram pelo Salão Vermelho da Prefeitura, Jockey, Cultura Artística, Centro Cultural Evolução, Palácio dos Azulejos e pela Estação Cultura. O grupo voltou a ocupar a primeira sede no começo do governo atual. E também faz apresentações esporádicas no Centro de Ciências, Letras e Artes (CCLA).
O fundador do grupo é Alcides Acosta, de 69 anos. Garoto, ele era vidrado no Mário Lanza, tenor norteamericano que fez sucesso no cinema. Moço, em 1963,
ele se mudou para Campinas, interessado em estudar Direito. Para pagar as contas na pensão, arrumou emprego de rádio-escuta na redação do Correio Popular. Depois, virou repórter e redator. A paixão pela música foi despertada quando, um dia, sentando do banco da Praça Carlos Gomes, ele ouviu a voz potente de um cantor, que vinha de uma casa da Rua Boaventura do Amaral.
Acosta descobriu que ali, ao lado do jardim, ficava a escola de canto da Tiana Amarante. Não pensou duas vezes. Se matriculou, estudou demais e mergulhou na profissão. Há 30 anos, ele se juntou aos outros artistas para fundar a associação, hoje mantida com anuidades pagas por cerca de 50 associados. Há professores e alunos de canto lírico. Mas também há simples simpatizantes da arte, que acompanham as apresentações. As colaborações individuais são simbólicas: R$ 150,00 anuais. Por isso, o grupo precisa de subsídios da Prefeitura para as apresentações que, além do CCC, também animam almoços e eventos.
A diretoria da Abal Campinas pretende ter cem associados até o final do ano, que garantiria a sobrevivência da entidade. A “Campanha dos 100”, fala Alcides,recebe inscrições de interessados até dezembro. Além de ter um caixa mais reforçado, Acosta quer revelar novos talentos. Há uma lista de grandes promessas de carreira artística. Entre os cantores da Abal, Campinas figuram gente como a soprano Marina Gabetta, que ficou famosa na cidade quando foi eleita Miss Campinas, em 1984. Hoje, aos 47 anos, sempre belíssima, ela cultua uma paixão que tem desde menina, quando estudou canto no Conservatório Carlos Gomes.
Mas nas apresentações, ao lado dela, há novos talentos que até chegam de fora e se juntam ao grupo campineiro. Como o pedagogo Nuno Dellálio, de 35 anos, e o tradutor José Luiz Ágedo-Silva, de 29, itatibenses que também cantam profissionalmente. O primeiro é tenor. O segundo, barítono.
A próxima apresentação do grupo, na Sala Carlos Gomes do CCC, está marcada para o dia 8, às 20h. As pessoas interessadas em saber mais sobre a Abal, que tiverem interesse em acompanhar de perto os recitais ou em se associar ao grupo podem entrar em contato pelo e-mail alcides.acosta@uol.com.br.
ROGÉRIO VERZIGNASSE
PARTICIPE DO BAÚ
A seção Baú de Histórias resgata, sempre aos
domingos, episódios que foram motivos de
reportagem no passado. Leitores que quiserem
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