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Após dois anos, as obras de restauração e conservação do Teatro Municipal de São Paulo chegam à reta final. O trabalho será concluído no mês de novembro, mas o público só poderá conferir o resultado final em abril de 2011, quando o teatro reabrirá.
Foram restaurados a área do bar e restaurante, o salão nobre e a fachada do prédio. Artistas se basearam em fotos antigas para recriar a pintura interna e restaurar partes que estavam deterioradas. Também foram reformados todos os vitrais do teatro, originalmente fabricados na cidade de Stuttgart, na Alemanha.
Esta não é a primeira vez que o edifício, inaugurado em 1911, passa por uma reforma. Nos anos 50, foi instalado ar-condicionado e novos pavimentos foram criados para aumentar os camarins. Nesta época, o teatro ganhou o órgão G. Tamburini. Em 1986, o prédio foi restaurado.
A arquiteta que coordena a obra, Rafaela Bernardes, do Departamento de Patrimônio Histórico da Secretaria Municipal de Cultura, conta que participam dessa restauração, iniciada em setembro em 2008, cerca de 60 funcionários. Todos são especialistas em cada um dos tipos de materiais usados na reforma: metais, argamassa, pedra, vitrais e madeira.
- É mão de obra da construção civil, mas é muito mais detalhada. Então a gente cobra muito. O grau de exigência é muito alto.
Vitrais alemães
Pela primeira vez, todos os vitrais do teatro foram totalmente desmontados, restaurados e colocados novamente no lugar. O trabalho é minucioso e, antes de ser aprovado, passa por vários testes que buscam o resultado mais próximo da arte original. Essa foi uma das partes mais difíceis da restauração, segundo a arquiteta Rafaela Bernardes.
- Você depende de muito teste. Durante muito tempo, eu só falei não. Vários artistas tentaram fazer a pintura e não conseguiram.
Para que os vitrais sejam melhor vistos por quem passa do lado de fora do teatro, as grades que os protegiam foram trocadas por vidros que filtram os raios ultravioletas UVA e UVB. Eles também receberão iluminação especial.
Apesar do cuidado dos restauradores em perseguir a arte original, nem tudo ficou idêntico. A pintura da sala onde funcionarão o restaurante e o bar, por exemplo, tem um tom diferente da última restauração feita em 1987.
- É para datar a intervenção. Senão, vira uma falsificação. São coisas sutis, que a maioria do público não percebe. A gente fica atento para não gerar esse falso histórico.
Uma surpresa encontrada pelos arquitetos foi o material usado originalmente nos elementos que decoraram a fachada do prédio. O achado mudou o projeto, que tinha como objetivo restaurar a pintura desses detalhes.
- Quando a gente começou a retirar a tinta, a gente percebeu que a argamassa tinha uma cor. Aquilo não era uma argamassa qualquer e recebeu tinta nas últimas restaurações. A gente conseguiu restaurar como era em 1911.
Para fazer o trabalho de restauração e conservação, foram gastos R$ 7,1 milhões. A obra é feita pela Secretaria Municipal de Cultura. Até 75% do custo foi financiado com recursos do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e o restante com dinheiro da prefeitura.
Na reabertura, haverá uma programação especial, que celebrará também o centenário do teatro.
Modernização do palco
O trabalho de modernização do palco começou no final de julho passado e está previsto para terminar em março do ano que vem. Está sendo refeita toda a parte de sonorização, acústica, mecânica cênica e o tratamento acústico do fosso da orquestra.
As varas que ficam no teto do palco para segurar equipamentos de luz e som passarão a suportar um peso de até 780 kg. Antes, elas aguentavam, no máximo, 180 kg. O custo total dessa parte da obra é de R$ 13,2 milhões.