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      04/05/2011 | Que governo é esse?

      “Democracia com fome, sem educação e saúde para a maioria, é uma concha vazia”                             

      Nelson Mandela
       

      A Política em Campinas está muito grotesca, quase uma ópera bufa. Na Grécia Antiga, berço da tão falada Democracia, a Política era entendida como “a arte de bem governar e orientar a soberania dos cidadãos livres, na intervenção e fiscalização dos serviços e dinheiro públicos.” Por aqui estamos bem distantes desse correto conceito: assistimos a uma comédia política rasteira, barata, caricata com um lado único de rentabilidade e usufruto: a Prefeitura. Não nos dão tempo para a reflexão ou maturação de idéias, a população está zonza com tantas propostas e programas, enquadrados no desenvolvimento e transformação social, empacotados com bastantes fitas e adereços coloridos. É a política rápida, impactante, imediata que impede o senso crítico do cidadão, enfraquece o seu raciocínio e traz sérias dificuldades ao uso devido da razão.

      A cidade está desgovernada. A população informada por uma enxurrada de notícias e denúncias fornecidas por uma mídia desperta, depois de um longo e tenebroso sono. Os serviços públicos continuam precários, a saúde, educação, transporte, segurança, uma vergonha. Só agora a imprensa reparou que existem fantasmas na administração pública, que Campinas é uma das capitais da dengue e, que o espaço vizinho à estação ferroviária e da antiga rodoviária está desguarnecido, sem revitalização, habitado por meliantes, traficantes e usuários das mais letais e proibidas drogas.

      A Câmara Municipal está repleta de denúncias sobre escândalos na SETEC, EMDEC, SANASA e paralisada nos trabalhos legislativos, com pilhas de requerimentos de Vereadores sem resposta. Uma Câmara improdutiva, alheia aos escândalos de corrupção da administração, conduz o Cidadão a se perguntar da sua real necessidade. Parafraseando um de nossos vereadores que afirmou em sessão ordinária que o plenário deveria parar de cacarejar, essa Casa Legislativa está um perfeito galinheiro!

      Como organizar Campinas para que seja respeitada e inserida internacionalmente se está sem rumo, com a Prefeitura atirando para todos os lados, sem estratégias planejadas e cotidianamente apagando incêndios de denúncias de corrupção?Como se pedir uma maior inovação tecnológica, investimento e gestão eficaz? A revisão do nosso Plano Diretor e o correspondente Macro Zoneamento que deveriam organizar o nosso território e reformular as melhores políticas públicas, foram esquecidos. A votação dos Planos Locais de Gestão (PLGs) está literalmente empacada. Das nove Macro Zonas de Campinas, quatro ainda se encontram em elaboração na Prefeitura e os 5 PLGs que deveriam estar sendo discutidos no Legislativo, ainda não foram nem cogitados para entrar em pauta. Se o Legislativo cumprisse a Constituição e o Estatuto da Cidade iria verificar que para obedecer a todos os procedimentos legais de discussão, com a maior e mais ampla publicidade e participação da população interessada, o prazo está cada vez mais escasso. Sem contar com as férias legislativas, as liminares judiciais impetradas contra as alterações da metragem do perímetro urbano de algumas das regiões e a remoção de famílias e pequenos produtores rurais; e claro as tais CPIs e seus relatórios, na maior parte das vezes sem grande importância para a realização cotidiana de uma vida melhor no nosso espaço urbano.

      Enquanto isso o Ministério Público trabalha. A Câmara Municipal aguarda o final das averiguações. E não se deve imiscuir nesses pequenos fatos de corrupção do Executivo: que a Secretária do Gabinete do Prefeito e também sua Esposa é proprietária de 70% de uma empresa de transporte e logística, cuja sede é numa casa onde funciona o escritório político do marido/prefeito e o diretório do PDT? Que teve um esquecimento e não declarou essa sua posse no Imposto de Renda? Será que existem outras empresas e propriedades que também foram esquecidas? E a incrível coincidência de vários terrenos de um mesmo dono alugados para operadoras de telefonia com a devida aprovação da Prefeitura e cujo proprietário foi, é ou será um dos nomes fortes da Sra. Secretária e ex-integrante da administração?

      A população pode parecer cega às finalidades camufladas da administração municipal. O inconsciente coletivo é induzido a um misticismo público que pretende consagrar um governo realizado “para os que mais precisam”. No frigir dos ovos o que conta é a mágica de sacar um coelho em cada cartola que aparecer, com um projeto de marketing e comunicação de massa, regado a muito dinheiro, imaginação e cara de pau.

      Nem tudo o que parece, é. E quanto mais feio o cenário, mais fácil o despertar dos adormecidos!



        Maria da Piedade Eça de Almeida

      filósofa/política,Professora Universitária,Diretora do Movimento pelos Deveres/direitos do Cidadão e da Escola de Governo em Campinas





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