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O deputado Vanderlei Macris (SP) participou do protesto “Grito de Alerta” contra a desindustrialização e pelo emprego, nesta quarta-feira (4), em frente à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). O evento foi promovido por entidades patronais e sindicatos. De acordo com a Polícia Militar, milhares de pessoas participaram da manifestação. Para o tucano, o ato demonstra a insatisfação da população com o processo de desindustrialização no país.
“É um sintoma grave do nível de desemprego que vai crescendo em vários setores da economia, principalmente em função da abertura desenfreada do mercado brasileiro para os importados. Há um processo de corrosão do parque industrial brasileiro. A presença de trabalhadores e empresários mostra que o Brasil está caminhando na direção errada”, afirmou.
Segundo o parlamentar, é necessária uma mudança estrutural na economia brasileira, como a reforma tributária. Macris considera insuficiente o pacote de incentivos à indústria anunciado ontem. “O governo não soube apresentar uma proposta de crescimento industrial. Com pompa e circunstância procuram mostrar ao Brasil que estão tomando providências, mas são medidas pontuais. Não há um projeto mais amplo de preparação para a competitividade”, analisou. Em discurso durante o protesto, o deputado, que integra a Comissão Parlamentar Mista em Defesa da Indústria Têxtil, defendeu o setor.
O Grito de Alerta já foi realizado no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Paraná. Em maio, o evento será em Brasília (DF).
O deputado Vaz de Lima (SP) também criticou as medidas adotadas pelo Executivo para enfrentar a crise na indústria. “É um pacote muito tímido, um paliativo somente. A presidente Dilma acha que pode enganar a população com medidas dessa natureza. Qualquer estudante de Economia no início do curso sabe que essas medidas não levam a lugar nenhum, nem a curto, médio ou longo prazo. São medidas paliativas, para inglês ver”, reprovou.
O assunto foi reportagem de capa dos principais jornais do país hoje. A repercussão foi negativa com fortes críticas de empresários, economistas e sindicalistas. As medidas foram consideradas “tímidas”, “pouco abrangentes”, “sem grande projeção”.
De acordo com o parlamentar, o objetivo aparente do pacote é auxiliar o setor industrial, mas o governo pretender aumentar a arrecadação. Ele lembrou que as medidas não resolvem os dois maiores problemas da área: o câmbio e os juros. “Toda vez que se faz uma medida dessa, no final do período a arrecadação aumenta. Ou seja, a carga tributária aumentou, os juros continuaram na mesma situação, não se mexeu no câmbio. Como é que se pode dar incentivo à indústria dessa maneira? As autoridades do governo precisam parar de brincar com coisa séria”, protestou.
Plano insuficiente
→ O Grito de Alerta foi promovido por entidades trabalhistas e patronais como Força Sindical, Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sindicato dos Metalúrgicos do Grande ABC, Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Centro das Industrias do Estado de São Paulo (Ciesp-Campinas) e Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq)
Representantes do Ciesp-Campinas estiveram no Grito de Alerta em Defesa da Produção e do Emprego, que aconteceu nesta manhã (4 de abril), em frente à Assembleia Legislativa de São Paulo, na capital Paulista.
O diretor titular do Ciesp-Campinas, José Nunes Filho, falou sobre a expectativa da indústria regional para essa mobilização que reuniu em São Paulo, representantes de diversos segmentos empresariais e de sindicatos de trabalhadores de todo o Estado de São Paulo.
A desindustrialização na região de Campinas tem sido alertada desde o início de 2011, através das pesquisas mensais, apresentadas pelo Ciesp-Campinas. A estagnação da indústria de transformação em 2011 tem preocupado as lideranças empresariais. Entidades representativas de setores empresariais e de trabalhadores em conjunto ressaltam, que apesar do forte crescimento do consumo, o setor industrial reduziu drasticamente a geração de empregos, agudizando ainda mais o processo de desindustrialização no Brasil. Esse processo vem se intensificando desde 2008. Em 1985, a indústria de transformação representou 27% do PIB, em 2011 deve ter chegado a menos de 16% e mantida a atual situação, chegará ao fim de 2012 com menos de 15%. O declínio da indústria coloca o País em uma situação perigosa e vulnerável, com dificuldade de gerar empregos de qualidade e salários decentes.
O Ciesp-Campinas conta atualmente com 573 empresas associadas, distribuídas em 19 municípios da região. O faturamento conjunto dessas empresas associadas é de R$ 35 bilhões/ano. Elas empregam 71,8 mil funcionários.
→ O plano de R$ 60,4 bilhões para enfrentar a crise na indústria incluiu medidas de desonerações, aumento e barateamento do crédito, incentivos às exportações e à produção nacional de veículos, entre outras, para tentar fazer o país crescer 4,5% este ano. O governo vai reduzir encargos sobre a folha de pagamento de 11 setores, incluindo autopeças e bens de capital. Para reforçar o crédito aos empresários, o Tesouro Nacional fará um aporte de R$ 45 bilhões no BNDES e vai equalizar linhas de financiamento da instituição num total de R$ 6,5 bilhões. O pacote anunciado é a segunda etapa do programa Brasil Maior.