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      17/02/2010 | Arthur Achilles e a Cultura

      Secretaria de Cultura afirma que falta visibilidade a projetos do município.

      “Talvez o nosso grande pecado seja a falta de divulgação”. Assim o secretário municipal de Cultura de Campinas, Arthur Achilles, tenta explicar por que a classe artística e a população da cidade não enxergam onde foram aplicados os R$ 13.872.136,00, que a Secretaria afirma ter destinado a projetos culturais no ano passado.

      Para reverter a situação, o secretário pretende divulgar toda a agenda cultural da cidade no site da Prefeitura e voltar a publicar a revista mensal Ver e Ouvir, na qual a Secretaria divulgou até 2008 suas atividades. “Nossa informação peca, é falha. As pessoas ficam sabendo dos eventos ou no dia, ou na hora. Nossa divulgação tem que ser melhorada”, diagnostica.

      Dos R$ 47.369.395,00 destinados à Secretaria Municipal de Cultura, 29% foram utilizados em projetos culturais. Os outros 71% da verba estão pulverizados entre pagamento de pessoal, reformas paliativas realizadas no Centro de Convivência e bibliotecas, gastos com a Orquestra Sinfônica e custos da secretaria de cultura, segundo cálculos apresentados pela administração da secretaria ao Caderno C.

      Para se ter uma ideia, somente a folha de pagamento dos 380 funcionários representa um custo de cerca de R$ 24 milhões para a pasta, ou 50%. Também devem ser debitados desta conta R$ 7 milhões da reforma do Castro Mendes, que tiveram de ser devolvidos aos cofres públicos em novembro do ano passado e que representavam 13% do orçamento. Os outros 8% ficaram com os gastos de manutenção da secretaria.

      Para este ano, a Cultura tem cerca de R$ 49 milhões no orçamento e calcula que o investimento em projetos culturais será por volta de R$ 20 milhões, se colocados no papel os R$ 900 mil da terceira parcela atrasada dos pontos de cultura e os R$ 7 milhões da reforma Teatro José de Castro Mendes — que deve sair do papel em meados deste ano — e a impermeabilização do Centro de Convivência Cultural, cuja autorização para a licitação foi assinada pelo prefeito Hélio de Oliveira Santos na última quinta-feira e tem previsão para ser assinada nesta semana. Estão agendadas para este ano, no Centro de Convivência, a troca do ar condicionado, reformas que permitam acessibilidade, reformas dos camarins e da iluminação cênica.

      Na lista dos projetos culturais, estão as festas de Carnaval, Festa Junina, Natal, a temporada da Sinfônica, o Festival Carlos Gomes, concurso de cantores líricos e de jovens regentes, a Feira Internacional de Literatura de Campinas, o Festival Internacional de Humor, noites de seresta na Praça Carlos Gomes e as atividades do projeto Campinas É Cultura — apresentações musicais em praças e parques.

      OS NÚMEROS

      Orçamentos da Secretaria Municipal de Cultura nos últimos quatro anos (valores em reais)*

      2006 - 35.390.647

      2007 - 50.202.590

      2008 - 39.481.448

      2009 - 47.369.395

      * até 2007, o orçamento da pasta era dividido com a Secretaria Municipal de Esportes e Lazer

      Diário Oficial precisa ser melhorado, diz diretora

      Quem acompanha os orçamentos pelo Diário Oficial pode encontrar divergências nos valores atribuídos à Cultura, mas a explicação dada pela secretaria é que ali não constam itens como, por exemplo, as folhas de pagamento e as verbas. “O Fundo de Investimento à Cultura (Ficc) e o Fundo de Assistência à Cultura (Fac) não estão incluídas ali, assim como a folha de pagamento, que não faz parte da função Cultura do Diário Oficial, mas entram no nosso orçamento. O nosso Diário Oficial já melhorou muito, mas ainda tem que ser melhorado porque o Ministério da Cultura está pegando o nosso pé”, explicou Nilda Rodrigues, diretora administrativa da Secretaria de Cultura.

      A advogada especialista em administração pública e direito tributário Maria Odette Ferrari Pregnolatto concorda que o Diário Oficial tem que ser melhorado para ser entendido pela população. “Este Diário (oficial) de Campinas é muito nebuloso”, diz. (PR/AAN)

      Com R$ 2,5 mi, Indaiatuba realizou 20 atividades

      Com um orçamento 19 vezes menor que a de Campinas, a Secretaria de Cultura de Indaiatuba, cidade da Região Metropolitana de Campinas de 200 mil habitantes e que não possui teatro municipal, realizou no ano passado mais de 20 projetos culturais com o R$ 1 milhão que resta para projetos do orçamento de R$ 2,5 milhões da pasta. Entre as atividades realizadas pela secretaria estão workshops, mostra de cinema e festivais de música. Segundo a secretária de Cultura de Indaiatuba, Érika Novachi, muitos projetos são fruto de parceria com a iniciativa privada e o governo estadual. “Entramos com cachês, transporte e hospedagem”, diz. Para o secretário Arthur Achilles, a comparação não vale. “Veja a quantidade de teatros que eles têm, a manutenção da secretaria e dos equipamentos culturais e a orquestra. Além disso, eles possuem apoio do governo do Estado. No próximo dia 22 vou a São Paulo, conversar com o secretário de Cultura do Estado para saber porque Campinas não tem apoio do governo do Estado”, disse. (PR/AAN)

       

      Paula Ribeiro
      DA AGÊNCIA ANHANGUERA
      paula.ribeiro@rac.com.br

      Publicada em 17/2/2010 - Caderno C



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