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A soprano Beatriz Fernández-Campomanes
“El Amor en España” traz sucessos da zarzuela espanhola em cartaz sexta-feira no palco da ACI.
A zarzuela é uma representação lírica, nos moldes da opereta, onde se alternam canto, música e diálogo. Surgiu na sociedade espanhola do século XVII e a denominação zarzuela vem do nome de um pequeno palácio construído por ordem do cardeal Infante D. Fernando, irmão de Filipe IV, no Monte do Prado, nos arredores de Madrid. O palacete de La Zarzuela, residência temporária do Rei e da corte espanhola, era palco de encenações de diversos tipos, como éclogas, loas, farsas, comédias com música, cuja característica era a alternância entre canto e declamação, contando histórias de lendas e heróis da mitologia, em cenas épicas e de aventuras. Nesta sexta-feira, às 20 horas, a ABAL Campinas traz ao palco trechos preferidos de zarzuelas, revelando ao público esse gênero lírico espanhol pouco conhecido, no auditório da ACI (Associação Campineira de Imprensa, rua Barreto Leme, 1479, Centro, tel. 3231-2567), com os cantores Beatriz Fernández-Campomanes (soprano), Vera Pessagno Bréscia, (mezzosoprano), Nunno Dellalio (tenor), Alcides Acosta (tenor) e José Luiz Águedo-Silva (barítono), e acompanhamento ao piano por Carlos Wiik, além de aberturas de zarzuelas em solo de piano por Ana Carolina Sacco. O espetáculo se complementa com as “bailaoras” Annie Carrera e Flávia Gouveia, da Flama Arte Flamenca, que se apresentam em danças “sevilhana” e “guajira”, dois gêneros de bailados flamencos.
Este recital conta com a participação especial da soprano española Beatriz Fernández-Campomanes, que atuou profissionalmente em muitos espetáculos de zarzuela em seu país. Esta seleção de zarzuelas somente foi possível graças ao apoio da artista e ao seu acervo musical. Graças a isso, o público poderá conhecer trechos seletos das zarzuelas La Revoltosa, Luisa Fernanda, El Barberillo de Lavapiés, Las Hijas de Zebedeo, El Niño Judío, El Tabernero del Puerto, La Verbena de la Paloma, Maravilla, El Barbero de Sevilla, El Guitarrico, El Huésped del Sevillano e La Tempranica, de autoria de compositores consagrados como Federico Moreno Torroba, F. A. Barbieri, Jerónimo Giménez, J. Guerrero, Ruperto Chapí, Pablo Luna, José Padilla e Péres Soriano. O repertorio completo é o seguinte: La Revoltosa – Prelúdio, em piano solo por Ana Carolina Sacco; Luisa Fernanda – Bienvenido los Vareadores – Coro e Alcides Acosta, tenor; El Barberillo de Lavapiés - Entrada de Lamparilla, José Luiz Águedo-Silva, barítono; Las Hijas de Zebedeo – Carceleras – Al pensar en el dueño de mis amores – Vera Pessagno Bréscia – mezzo; El Niño Judío - De España vengo – Beatriz Campomanes, soprano; El Tabernero del Puerto - No puede ser – Nunno Dellalio, tenor; Bailado – Sevillana – (con duo de bailaoras); La Verbena de la Paloma – Prelúdio – em piano solo por Ana Carolina Sacco; La Verbena de la Paloma – Coplas de Don Hilarión – José Luiz Águedo-Silva, barítono; Luisa Fernanda – Para comprar a un hombre se necesita – duo – Alcides Acosta e Beatriz Campomanes; El Relicario – Vera Pessagno Bréscia, mezzosoprano; Maravilla – Amor, vida de mi vida – Nunno Dellalio, tenor; El Barbero de Sevilla - Me llaman la Primorosa – Beatriz Campomanes, soprano; El Guitarrico – Suena guitarrico – Alcides Acosta, tenor; El Huésped del Sevillano – Fiel espada triunfadora – Nunno Dellalio, tenor; La Tempranica – Zapateado – La tarántula é un bicho mu malo – José Luiz Águedo-Silva, barítono; Bailado – Flamenco – (con un duo de bailaoras) e El Barberillo de Lavapiés – Carceleras – coro.
A soprano Beatriz Fernández-Campomanes nasceu em Valladolid, Espanha. Apaixonada pela música desde criança, recebeu dos pais, que eram fãs de zarzuelas e óperas, uma educação clássica nesses gêneros muito apreciados em toda Espanha. Seu primeiro contato com o Belcanto ocorreu em 1993, após audicionar para o maestro Pedro Aizpurua. Torna-se então parte do coral valadolisoletano como soprano titular. Permanece no grupo até 1996, recebendo nesse período aulas de voz e canto ministradas pelo próprio maestro Aizpurua. No final de 1996, viaja para Londres (Inglaterra), onde estuda com o barítono Nicolino Giacalone. Recebe aulas de voz, canto e interpretação e define seu repertório. Nesse mesmo ano, realiza o primeiro concerto como solista no concerto de Gala de Natal, organizado todos os anos pela Guildhall School of Music and Drama. Em 2001, continuou estudos de canto na escola Anton Rubinstein, de Roma, orientada pela professora Monica Franceschina. Mudou-se para Milão, em 2005, onde teve aulas com o professor Alberto Malazzi, maestro do Teatro alla Scala, de Milão. Em junho de 2008 ingressou na Associação de Amigos da Zarzuela de Valladolid, participando de inúmeros concertos e operetas como “Agua, Azucarillos y Aguardiente”,”La Canción del Olvido” e “La Revoltosa”. Neste último, desempenhou um solo tocando "guajiras" e dividiu a cena com o famoso barítono Andrés del Pino. No mesmo ano, atuam juntos também no show "Entre Sopranos e Tenores", concerto em honra a Santa Cecília, em Valladolid. Em agosto de 2009, participou de concertos em homenagem a Áureo Herrero, na cidade de Barraco (Ávila). Para a ocasião, escolheu um extenso repertório de árias de zarzuela, acompanhada ao piano pelo professor José Ramón Echezarreta. Em 05 de setembro de 2009 estreia no Teatro Auditório Feria de Muestras, de Valladolid, no papel de Rosaura (“Los Gavilanes”), orientada pelos consagrados Enrique R. del Portal, Javier Galán e Angela Lorite. Posteriormente, em diversas representações organizadas em honra a Santa Cecília, participa de concertos aparecendo ao lado do aplaudido barítono Antonio Torres.
As peças que serão dançadas pelas “bailaoras” Annie Carrera e Flávia Gouveia são uma Sevillana (com castanholas), com base em canções folclóricas “aflamencadas” que nasceram para acompanhar o baile. Tiveram origem em Sevilla, na baixa Andalucia e sempre fizeram parte das reuniões e festas dessa região. Embora a sua origem remonte ao século XIX, este baile popular nunca deixou de ter destaque e é considerado referência da região andaluza. No entanto, devido à sua alegria e jovialidade, teve sua popularidade estendida a outras regiões da Espanha e, inclusive, a outros países. Musicalmente, as Sevillanas são caracterizadas por uma melodia alegre acompanhada com o vigor adequado ao baile. As Sevillanas podem ser puramente instrumentais, mas o mais comum é que tenham cante executando a melodia. Podem incorporar vários instrumentos acompanhando seu rítmo: guitarra, castanholas ou “pandeireta”, que podem ser reforçados ou, simplesmente, substituídos pelas palmas; a Guajira (com leque/abanico), que pertence a um conjunto de ritmos denominados genericamente como "Cantes de Ida y Vuelta", agrupando ritmos que se "aflamencaram" a partir de gêneros hispano-americanos. As Guajiras se originaram a partir de um gênero cubano denominado "punto", ou "Punto de La Habana", como era chamada na Espanha. O "aflamencamento" desses elementos cubanos acabaram por cristalizar, em meados do século XIX, um tipo de composição musical. O primeiro registro de uma possível versão flamenca é de 1860, quando se apresenta num teatro de Jerez a canção "Guajira".
Entrada franca. (Capacidade do auditório – 120 lugares)