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Recital comemora 177 anos de Carlos Gomes
Há 177 anos, em 11 de julho de 1836, no pequeno povoado conhecido como Vila de São Carlos, hoje Campinas, um menino nascia para aumentar a família de Manoel José Gomes (Maneco Músico) e de Fabiana Jaguary Gomes, mas também para ser o genial compositor operístico que o mundo conhece como Antonio Carlos Gomes. Essa significativa data da história de Campinas será comemorada na próxima sexta-feira, dia 12/07, às 20 horas, no auditório da ACI (rua Barreto Leme, 1479, centro, tel. 3234-2591) com recital promovido pela ABAL Campinas, que reunirá canções e árias do maestro Carlos Gomes na voz de jovens cantores líricos: sopranos Laura Duarte, Mariana von Zuben, Luisa Miana, Ana Carolina Sacco, o tenor Maurício dos Santos Almeida, além da participação especial do baixo Rodrigo Theodoro e do barítono Nelson Nicola Dimarzio. Ao piano, Ana Carolina Sacco e João Gabriel Bertolini. O repertório terá as seguintes composições gomesianas: da ópera Il Guarany – C’era una volta un principe... (Ballata), da Salvator Rosa – Mia Piccirella; Civettuola, Canta Ancor, Conselhos, Tu m’ ami, Suspiro d’ alma, Sempre Teco, Notturno; da ópera Salvator Rosa – Di sposo... di Padre, da Maria Tudor – Muta, confusa era Giovanna... Tanti il mio cor, bell’angelo; da ópera Lo Schiavo – Sospetanno di me... Sogni d’amore e do Poema Vocal Colombo, Ascolta...Era un tramonto d’ oro.
Antonio Carlos Gomes aprendeu música com seu pai, Manoel José Gomes, que era professor de piano, canto, órgão e violino na Vila de São Carlos, e por sua intensa ligação com o ofício conquistou a alcunha de Maneco Músico. Carlos Gomes, por sua vez, desde menino era tratado de Tonico de Campinas e revelou cedo sua vocação musical. Entrou para a banda do pai, onde também tocava seu irmão de sangue, José Pedro de Sant’Anna Gomes. Aos 11 anos empreendeu os estudos regulares de música, logo após terminar o curso básico. Iniciou-se nas habilidades instrumentais pela clarineta, logo mudando para o piano e o violino. Quanto ao piano, logo em 1848 deu récitas nas quais incluiu as suas primeiras criações musicais. Três anos mais tarde, em conjunto com o irmão, apresentou outras obras, ainda pensadas para alimentar o lazer de salão da época (modinhas, valsas, mazurcas). Incentivado por amigos estudantes que fez na Capital de São Paulo, Carlos Gomes foge para o Rio de Janeiro sem a permissão do pai. Depois, aflito e cheio de remorsos escreve-lhe uma carta. O pai concede o perdão e lhe comunica que remeterá 30 mil réis por mês para que se mantenha.
No Rio, Carlos Gomes conhece a Condessa do Barral, admiradora de suas canções e esta o apresenta ao Imperador, D. Pedro II. Graças ao apoio do soberano matricula-se no conservatório de Francisco Manuel e, no fim do ano, executa uma cantata que compôs para o encerramento do curso. No ano seguinte, encena sua primeira ópera, A Noite do Castelo, e consegue grande sucesso. Dois anos mais tarde, apresenta a ópera Joana de Flandres, e triunfa novamente. D. Pedro II entusiasmado com o jovem maestro manda-o para a Europa. No Conservatório de Milão, aluno de Lauro Rossi, diploma-se como Maestro Compositor aos 30 anos de idade. Carlos Gomes consagra-se na Itália com a ópera Il Guarany, estreada no maior teatro lírico do mundo, o Alla Scala, e escuta palavras de admiração do renomado compositor italiano Giuseppe Verdi. Após o sucesso, casa-se com a pianista italiana, Adelina de Conte Peri, com quem teve cinco filhos.
Il Guarany lhe rende pouco: as 3 mil liras pagas pela Casa Editora Lucca, para ser dona de todos os seus direitos autorais, não são suficientes para atender às suas necessidades. É neste período que sua carreira ganha impulso compondo Fosca (1873), Salvador Rosa (1874), Maria Tudor (1879). Com problemas de saúde volta ao Brasil para a estreia de O Escravo (1889). O Teatro Alla Scala encomenda ao maestro uma nova ópera. Prepara O Condor que não é compreendida pelo público e pela crítica. Em 1892, compõe Colombo, poema sinfônico retratando o descobrimento da América. Já bastante enfermo, é convidado pelo governo do Pará para ser o diretor do Conservatório de Belém. Carlos Gomes regressa ao Brasil, trabalha durante um ano e vem a falecer em 16 de setembro de 1896, aos 60 anos. Desde sua chegada ao Rio de Janeiro até o final de sua atribulada carreira que, em vida, lhe permitiu conhecer a glória mas não lhe poupou de graves decepções, Carlos Gomes foi uma personalidade artística de destaque, dentro e fora do Brasil. Fez de sua música a razão maior de sua vida e por ela, tudo sacrificou e tudo ousou.
Entrada franca.