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      10/09/2013 | ABAL: Carlos Gomes Lírico e Romântico

      Recital da ABAL: Carlos Gomes Lírico e Romântico

      Suave, romântica e chorosa, na maior parte das vezes, a modinha e as canções de câmera brasileiras constituíram o meio de expressão do amor, enquanto tema, no Século 19. A modinha e canção camerística, primando por suas variações e certos acentos da ópera italiana, evoluíram mais tarde gerando a atual música popular brasileira. O maestro Antônio Carlos Gomes produziu cerca de meia dezena de conhecidas modinhas e canções, que estão sendo mostradas pela ABAL Campinas em recitais que integram a programação do Mês de Carlos Gomes. Nesta sexta-feira, 13/9, às 20 horas, no auditório Carlos Tontoli, da Associação Campineira de Imprensa (rua Barreto Leme, 1479, Centro, tel. 3231-2567), acompanhados pelo pianista Chiquinho Costa, apresentam-se os sopranos Nádia Zanotello, Regina Márcia Moura Tavares, Joyce Lima Martins; o baixo Rafael Leoni; o barítono Nelson Nicola Dimarzio e os tenores Kohdo Tanaka, Antoine Kolokathis, Vicente Montero e Alcides Acosta. Serão interpretadas as canções de Carlos Gomes: Notturno, L’Arcolajo, Mon Bonheur, Lisa, me vos tu ben?, Conselhos, Mamma Dice, Quem sabe?!, Noces d’argent, Pensa, Lontana, Addio e, ainda, as árias operísticas Di sposo, di padre...e Volate, oh libere aure dei cieli, (da Salvator Rosa); Vanto io pur e Senza tetto, senza cuna, (da Il Guarany), Era del Gran Perdono il sacro dí (da Condor), Inno della Libertá (da Lo Schiavo),  D’amore l’ebbrezze (da Fosca), Vittoria, Vittoria! e Era un tramonto d’oro (do poema vocal sinfônico Colombo).

      Mais uma vez, convidado especial neste concerto é o tenor japonês Kohdo Tanaka, grande entusiasta da obra de Carlos Gomes e seu divulgador principal no Japão e na China, onde é ouvido em recitais regularmente. Consagrado tenor lírico spinto, Kohdo Tanaka é professor jubilado do Curso de Pós-Graduação em Canto Lírico, da Universidade de Artes de Osaka, Japão. Ocupa a posição de professor visitante e honorário das Universidades de Tentsu, Universidade de Seinan e outras 20 Universidades chinesas. No Brasil, é diretor do Teatro Lírico do Carmo, na cidade de Mogi das Cruzes e membro da ABAL Campinas desde 2008. Ainda em plena atividade artística aos 74 anos de idade, é um artista laureado no Japão, China e Estados Unidos da América (Diploma Art Proclamation Award), em 2001. Na Coréia do Norte e no Brasil recebeu Diplomas de Honra ao Mérito, bem como atuou em tournées do Intercâmbio Cultural entre Japão e China, em 1999 e também a Medalha Carlos Gomes, outorgada pela Câmara de Vereadores de Campinas.

      Kohdo Tanaka possui trajetória das mais extensas em palcos internacionais, sendo que em 1968 participou do festival de música na antiga União Soviética. E, nos anos seguintes, devido ao grande sucesso alcançado em suas apresentações, foi ouvido em recitais nos cinco continentes, totalizando mais de mais de 1600 concertos, visitando os Estados Unidos, Itália, Turquia, Portugal, Espanha, Romênia, Bulgária, Alemanha, Áustria, Rússia, China, Tailândia, Filipinas, Malásia, Camboja, Indonésia, Austrália, Coréia do Norte, Coréia do Sul, Taiwan, Chile, Bolívia, Argentina e Uruguai. No Brasil, já se apresentou em S. Paulo, Rio de Janeiro, Maringá, Curitiba, Londrina, Belém, Manaus, Jacareí, Mogi das Cruzes, Niterói, Volta Redonda, S. José dos Campos, Itatiba, Piracicaba, Jundiaí, Itu, entre outras cidades.
       

      O Mês de Carlos Gomes integra o calendário de eventos culturais da Secretaria Municipal de Cultura, da Prefeitura de Campinas e prevê vários eventos ao longo de setembro. Entrada franca.


      O Homenageado
       

      Antonio Carlos Gomes nasceu em Campinas, na época chamada Vila São Carlos, aos 11 de junho de 1836. Seu pai, Manoel José Gomes, professor de piano, canto, órgão e violino na vila, era conhecido por Maneco Músico. Nosso Tonico de Campinas cedo revelou sua vocação musical. Entrou para a Banda Marcial regida por seu pai, onde também tocava seu irmão de sangue, José Pedro de Sant´Anna Gomes. Aos onze anos começou a estudar música. Iniciou pela clarineta, logo mudando para piano e violino. Em 1848, deu récitas de piano onde figuravam suas primeiras obras musicais: solos para piano e modinhas.

      Em 1856 escreveu a ¨Missa de São Sebastião¨, dedicada ao Maestro Henrique Luiz Levy. Em 1859, em concerto organizado com o músico Ernest Maneille no Teatro São Carlos, em Campinas, apresentou a obra ¨Variações para clarineta¨ sobre o romance ¨Alta Noite¨. Nesse mesmo ano, abriu um curso de piano, canto e música. Foi viver em S. Paulo com seu irmão hospedando-se em repúblicas de estudantes. Tocava na época em concertos particulares, juntamente com Henrique Luiz Levy. Compôs então (1859) o ¨Hino Acadêmico¨ em homenagem aos estudantes da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, e a famosa modinha ¨Quem Sabe?!¨, em homenagem a Ambrosina Corrêa do Lago, seu primeiro amor. Nesse mesmo ano, mudou-se para o Rio de Janeiro onde matriculou-se no Conservatório de Música, na classe de contraponto de Gioacchino Gianinni.

      Francisco Manuel da Silva, àquela época diretor do Conservatório, entusiasmado com o rápido avanço de Carlos Gomes encomendou-lhe uma cantata (¨Salve dia de ventura¨) para execução perante o Imperador Pedro II. Foi apresentada a 15 de março de 1860, com o próprio compositor regendo. Por essa obra de sucesso, o Imperador lhe ofereceu uma medalha de ouro. Pela composição da cantata ¨A última hora do Calvário¨, estreada em 15 de agosto de 1860, na Igreja Santa Cruz dos Militares foi nomeado ensaiador e regente da orquestra da Imperial Academia de Música e Ópera Nacional. Em 4 de setembro de 1861 foi à cena a primeira ópera ¨A Noite do Castelo¨, sob a regência dele próprio e versos de Antonio José Fernandes dos Reis, baseados no poema homônimo de Antonio Feliciano de Castilho. Em 15 de setembro de 1863 estreou a segunda ópera, ¨Joana de Flandres¨, no Teatro Lírico Nacional, sobre libreto original de Salvador de Mendonça. Agraciado pelo Imperador com a Ordem da Rosa, e após grande êxito, Carlos Gomes recebeu pensão para estudar na Europa. Em 8 de dezembro de 1863 partiu para a Itália. Cursou o Conservatório de Milão na classe do Maestro e compositor operístico, Lauro Rossi. Três anos depois, Carlos Gomes recebeu seu diploma de Maestro e Compositor. Ao longo de sua vida produziu as revistas musicais, “Se as minga” e “Nella Luna”, as óperas “Il Guarany”, “Fosca”, “Salvator Rosa”, “Maria Tudor”, “Lo Schiavo”, “Condor” e o Poema Vocal Sinfônico “Colombo”. Deixou várias óperas inacabadas ou apenas esboçadas, dezenas de modinhas e canções, peças para piano e a Sonata em Ré (Burrico de Pau). Faleceu em 16 de setembro de 1896, há 117 anos, em Belém, no Estado do Pará.





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