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O Dodge será o grande homenageado na edição de fevereiro do Encontro de Carros Antigos do Galleria Shopping, em Campinas. O evento acontece no domingo, 23 de fevereiro, a partir das 8h, no estacionamento do shopping, e deverá reunir cerca de 300 expositores.
Os visitantes que forem ao shopping poderão apreciar diversos exemplares do modelo que marcou a década de 1970. Entre os carros que participarão do encontro estão um Dodge Charge R/T Dart e outros Muscle-Car. Também estarão expostos alguns modelos importados.
Promovido pelo Clube V8&Cia no estacionamento do piso térreo do Galleria Shopping, sempre no último domingo do mês, o Encontro de Carros Antigos já virou uma tradição na região de Campinas, atraindo cerca de 300 expositores a cada edição. O evento é uma excelente opção de passeio e também reúne venda de peças, acessórios, camisetas, bonés, revistas, miniaturas e todo tipo de artigo relacionado ao antigomobilismo.
Além de gerar entretenimento e cultura, o Encontro de Carros Antigos possui cunho social. Para participar, os proprietários de veículos devem levar 1 kg de alimento não-perecível, que será doado para entidades assistenciais de Campinas e região.
História
Contar a história do Dodge é relembrar a trajetória da Chrysler Motor Corporation. A empresa foi fundada nos Estados Unidos em 1925 e chegou ao Brasil em 1949, através de uma credenciada, a Brasmotor. Importava dos Estados Unidos vários modelos em CKD (desmontados) e também trazia modelos da marca alemã Volkswagen, no mesmo sistema, e montava os carros por aqui. Em 1958, através de uma das empresas das quais a Chrysler era proprietária, a francesa Simca, instalou-se no Brasil para produzir o Simca Chambord, que logo virou um sucesso de vendas. Só em 1967, a empresa juntou todas as atividades no Brasil e nasceu a Chrysler do Brasil SA., numa área na Via Anchieta km 23, em São Bernardo do Campo. E logo começou a desenvolver para o mercado nacional os famosos Dodge Dart.
O modelo tinha como base a versão norte-americana e em 1969 era lançado o enorme sedan. Com quase cinco metros de comprimento, o modelo tinha motor V8 de 5.212 cm3 e 198 cavalos de potência máxima. O carro de luxo, entre os nacionais, só perdia em tamanho para o Ford Galaxie. O modelo tinha dois bancos de três lugares cada, painel enorme e trazia uma novidade que até hoje só se encontra em carros de luxo: o local onde era inserida a chave ficava iluminado quando o motorista abria as portas e apagava quando as portas eram fechadas.
Para aquela época não era ruim, mas nos dias de hoje, o acabamento do modelo era abaixo dos nossos carros tidos como populares. Era espartano e com matérias de forração de má qualidade. Os primeiros modelos também sofriam com o barulho causado pelo vento externo. Porém, o destaque, ainda mais para a época, era o desempenho. O carro chegou para bater recordes de velocidade num veículo de passeio, ao atingir pouco mais de 170 km/hora e acelerar de 0 a 100 km/h em “apenas” 12 segundos.
O motorzão, além do ótimo desempenho, tinha grande durabilidade e baixo custo de manutenção. Mas tinha as suas mazelas: o consumo era elevadíssimo. O Dodjão fazia uma média de 5 km/litro na média entre cidade e estrada e com o seu pequeno tanque de 62 litros, a autonomia era muito baixa. Nas propagandas e no material de imprensa, a fábrica “vendia” uma marca de 8,9 km/l, o que ninguém conseguia fazer, nem ladeira abaixo.
Outro forte do modelo era a suspensão. Na dianteira, com braços sobrepostos com barra de torção longitudinal, quando na época quase todos tinham mola helicoidal. Na traseira, tinha eixo rígido com molas semi-elíticas. Mesmo sem direção hidráulica, o volante não era muito pesado.
Outra “dureza” era parar o bichão: com freio a tambor nas quatro rodas, o sistema não dava conta em velocidades mais elevadas e com freqüência superaquecia. Um ano depois da chegada do Dart, a marca norte-americana lançava o Dart Coupé de duas portas e com as janelas todas envidraçadas, sem coluna central. Assim, ao se abrir todos os vidros, havia uma enorme área aberta.
Meses depois chegavam os esportivos LS e Charger R/T. Esse último virou o sonho de consumo para quem gostava de carros “esportivos”. Rodas esportivas, escapamento duplo, faixas laterais, capô pintado de preto e acabamento com detalhes esportivos deixavam o carro com uma aparência de mau. Nesses modelos, a Chrysler já oferecia a direção hidráulica, o que ajudava muito os motoristas.
Aos poucos os modelos foram ganhando requinte e mudanças importantes, como freios a disco na dianteira. O motor também melhorou e ganhou 17 cavalos a mais de potência, passando de 198 para 215. A velocidade final acompanhou o aumento de potência e passou para pouco mais de 190 quilômetros por hora. Era o carro mais veloz produzido por aqui.
Os anos foram passando e o Dodge foi ganhando irmãos. Em 1971 chegavam ao mercado o SE e o Gran Sedan. O primeiro trazia acabamento simples, mas tentava manter a impressão de esportivo e tinha como alvo o consumidor mais jovem, que sonhava com o R/T mas não tinha dinheiro. Já o segundo era o mais requintado da linha.
Em 1973 chega a primeira reestilização nos modelos R/T e LS. Faróis duplos atrás de uma enorme grade, novas lanternas e piscas. As travas esportivas que prendiam o capô, como nos carros de corrida, desapareciam e o modelo ganhava faixa mais discretas. Por dentro, também havia pequenas mudanças.
Em 1975 chegavam os primeiros modelos com transmissão automática e novas atualizações estéticas. Em 1978, o Dodge Charger R/T perdia a sua imponência e esportividade, com um design mais discreto e sem tanto apelo. Ao poucos as versões foram diminuindo. Finalmente, em 1979, os modelos grandões ganhavam as maiores modificações estéticas e muito luxo. O Coupé passava a se chamar Magnum e o top de linha LeBaron. O esportivo R/T continuava agressivo, mas sem os fortes apelos esportivos dos primeiros modelos.
O LeBaron foi durante muitos anos o carro mais luxuoso do Brasil e até hoje impressiona pelo acabamento interno, principalmente dos bancos, que pareciam verdadeiras poltronas de salas de estar. Logo em seguida ao seu ultimo lançamento, a crise do petróleo e financeira afastou os consumidores brasileiros de carros grandes e gastões. A Chrysler entrou na sua primeira crise no Brasil. As dificuldades fizeram a Volkswagen comprar a marca no país, muito mais interessada na produção de caminhões.
Um ano após a compra pela empresa alemã, a Volkswagen já detinha todas as ações da empresa e em 1981 encerrava a produção dos grandões, ficando somente o Dodge Polara. Meses depois, no final desse ano, a Volkswagen encerrava definitivamente a produção de automóveis. Até hoje, o Dodge Dart e seus derivados é um dos carros mais procurados por colecionadores.
Serviço:
Encontro de Carros Antigos
Organização: Clube V8 & Cia
Data: domingo, 23 de fevereiro
Local: Galleria Shopping - Rodovia D. Pedro I, km 131,5 - Campinas - SP
Horário: das 8h às 15h
Site: www.v8ecia.com.br