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      22/04/2010 | Arthur Achilles, onde está o maestro?

      A publicação de uma portaria que anulou o efeito de uma anterior, que nomeava o maestro suíço Karl Martin regente titular da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas no Diário Oficial do último sábado trouxe à tona um fato curioso: ninguém quer ser o regente titular da corporação exercendo todas as obrigações que o cargo exige.

      Tudo indica, porém, que o suíço será mesmo nomeado regente titular assim que voltar a Campinas, em junho. Ele só não teria tomado posse do cargo porque a portaria perde a validade 15 dias após sua publicação, realizada um dia após a volta do maestro para a Europa.

      “A pessoa mesmo tem que tomar posse, não pode ser por meio de procuração. Então vamos publicar novamente quando ele voltar ao País”, explicou Arthur Achilles, secretário de Cultura.

      O fato, porém, é que em entrevista ao Caderno C de 31 de março, o suíço afirmou que suas vindas ao País são encaradas por ele como uma espécie de hobby. “O Brasil é um prazer. Um hobby”, comentou. Afirmou ainda que passar mais tempo do que costuma no País não está nos seus planos. “Serão três vezes ao ano, mesmo. Este primeiro período foi mais longo porque trabalhamos duas semanas antes da volta das férias para desenferrujar. Mas, depois, as minhas vindas serão mais breves”, disse.

      Achilles explica que, na verdade, o maestro não se importa com o título que recebe. “O Karl Martin não está muito preocupado com os títulos. Ele quer chegar e fazer, então se você pergunta a ele: ‘Você é o regente titular?’. E ele responde: ‘Posso ser. O importante é que eu estou vindo reger a orquestra’. Entende? Para ele tanto faz. O nome que vão dar não interessa. O que interessa é chegar aqui e fazer música. Ele não está muito preocupado com o título. Ele antes era o principal convidado e fazia os concertos do mesmo jeito que vai fazer como titular. Se amanhã ele for associado, não vai fazer diferença”, afirmou.

      Parcival Módolo, que foi regente titular da Orquestra em 2008, não quis aceitar o cargo novamente optando pela regência associada e por executar a direção artística do grupo. O secretário explica: “Ao titular cai um peso muito grande de estar presente nas decisões, então isso foi um acordo que a gente fez: o Karl sai como titular e o Parcival dá o apoio a ele nessa parte artística. E assim acomodou todo mundo”, disse.

      O associado confirma a decisão. “É uma decisão pessoal porque são circunstâncias pessoais mesmo. Uma é a questão tempo. Eu me divido um pouco. Eu trabalho no Mackenzie em São Paulo. A gente está em vias da criação de uma grande orquestra e eu estou trabalhando 100% nessa história. Eu atuo bastante fora do Brasil e, conversando com o Karl Martin, a gente entrou num consenso. O Karl Martin é uma figura bastante respeitada pela orquestra, é uma pessoa de uma maturidade bastante grande. Tem uma larga experiência. E nós achamos que a figura dele como maestro titular seria muito interessante para a orquestra desde que eu cuidasse da direção artística. Eu acumulo a regência associada com a direção artística. Normalmente, esta é uma função do maestro titular. Apesar de o cargo de diretor artístico não existir, a função existe e eu a estou exercendo no dia a dia”, afirmou. “Eu não poderia ser o maestro titular porque teria que reger um mundo de concertos e ainda fazer a direção artística. O que eu estou fazendo até agora não se percebe muito, mas é o que faz a orquestra se manter em pé, na verdade”, explicou.

      Alguns músicos entrevistados afirmaram que o desejo deles é mesmo que Karl Martin seja o regente titular, mas que seria bom se ele estivesse mais presente no dia a dia da orquestra.

      A clarinetista Elaine Lopes, que também é vice-presidente da Associação dos Músicos da OSMC, afirmou que sente que a maioria quer Karl Martin, mas seria necessária uma votação para saber a opinião dos músicos. “Na minha opinião, a orquestra melhorou muito com o Karl Martin, mas a gente não pode ter tudo. Se ele não pode ficar aqui no dia a dia, paciência”, opina.

      Questionado a respeito de quem fica com a parte burocrática e administrativa da Sinfônica, no final das contas, Achilles é pontual. “O diretor da orquestra”, referindo-se a si mesmo.

      O NÚMERO

      8 MIL REAIS é o salário do regente titular da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas.

      Publicada em 22/4/2010

      Caderno C
      Maestro ‘para inglês ver’

      / ERUDITO / Em questão, o cargo de regente titular da Sinfônica de Campinas

      Paula Ribeiro

      DA AGÊNCIA ANHANGUERA
      paula.ribeiro@rac.com.br





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