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CRISES PARA INOVAR
*Clara López Toledo Corrêa
No ano de 2001 o Brasil sofreu uma crise nacional que veio a ser denominada de “Apagão”. Entretanto, um País tão diverso e rico em sua natureza sempre sofreu e ficou a deriva quando o assunto era lidar com essa força muitas vezes incontrolável, assim, desde sempre pesquisas, estudos e projetos foram feitos para entender e lidar com esses percalços, seja com açudes, poços artesianos e outras formas de tecnologias mais elaboradas para a captação de água (principalmente nos estados mais secos do País).
No ano de 2014 e mais especificamente nesse início de 2015, enfrentamos mais uma crise hídrica e elétrica, agora, no Sudeste do Brasil, a qual ainda não sabemos como será denominada, mas que como qualquer outra situação de necessidade fez com que buscassemos soluções e alternativas para superá-la. Nesse cenário, portanto, a cultura do reúso e do não desperdício acabou fomentando outra cultura que muitos nem imaginavam possuir, a das invenções, ou seja, patentes! São pessoas comuns – professores, donas de casa, estudantes, etc.,- muitas vezes nem são empregados de fábricas ou engenheiros contratados para desenvolver determinado produto ou processo, que se viram diante da falta de água e criaram sistemas e produtos simplesmente geniais, pois por mais simples que sejam, atenderam a necessidade que possuíam. Na maioria desses casos, essas pessoas - agora, inventores - não se preocuparam em registrar o invento delas, pois a preocupação maior é superar uma crise determinada e contribuir com a sociedade, por esse motivo é muito difícil estimar quanto realmente o Sudeste Brasileiro e o País ganharam com essas invenções e o quanto elas representam para o mundo das Patentes. Enquanto isso, os canais de vídeos pela internet propagam essas inovações com uma velocidade incomensurável com o intuito de atingir todos os lares daqueles que necessitam economizar água e energia.
Entretanto, essas inovações, também, chegam de uma forma mais técnica e burocrática por meio de grandes empresas, seja criando novos produtos e sistemas, seja utilizando tecnologias já conhecidas em diversos outros Países como é o caso dos EUA e da Índia que sofrem tanto com a qualidade da água, como com a sua quantidade. Inclusive, uma dessas tecnologias fez com que a cidade de Campinas fosse a pioneira no País por utilizar água de reúso no seu abastecimento, exatamente como o estado da Califórnia faz.
Dessa forma, hoje, o mercado brasileiro é bombardeado por essas inovações que visam o reúso e economia da água e da eletricidade. Assim os mais diversos produtos que possuem preços diferenciados são encontrados nas prateleiras. Esses produtos atingem todos os bolsos e podem variar entre R$ 5,00 a R$ 18 mil reais dependendo da tecnologia utilizada – estes últimos muitos fabricantes já se anteciparam em acalmar o público ao dizer que estão estudando novas formas de fazer os produtos mais acessíveis.
Mas, com essa crise e com todas essas invenções, não apenas a população comum, mas o mercado como um todo nada mais quer que soluções e inovações para superar essa situação, sem que o abastecimento de água e energia prejudique não apenas um banho, mas uma fábrica inteira e ainda, contribua para o crescimento do País como um todo, pois é isso que uma cultura de Patentes e Invenções pode fazer por um País.
*Clara López Toledo Corrêa é advogada da Toledo Corrêa Marcas e Patentes.
E-mail – claratoledo@toledocorrea.com.br
Foto:Guilherme Sampaio Saba