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NUTRÓLOGO ALERTA SOBRE A ALIMENTAÇÃO: DESDE A FASE DO BEBÊ AO ADOLESCENTE
O médico nutrólogo, Erico Rolvare, explica o papel fundamental da boa alimentação, desde o nascimento até a adolescência e como isso se reflete na vida adulta das pessoas – de forma negativa ou positiva.
Rolvare dá dicas sobre o que deve conter na lancheira que a criança leva para a escola. Ele ainda explica, do ponto de vista alimentar, porque está crescendo o número de adolescentes com obesidade e diabetes tipo 1.
Como dever ser a alimentação do recém-nascido?
Érico Rolvare - Primeiramente o leite materno é o mais saudável, do que todos esses leites modificados. Nenhum leite especial chega aos pés do leite materno. Em geral, se sugere um período de até seis meses de amamentação do recém-nascido. O ideal seria chegar até a um ano de amamentação. Avalio como excelente para a saúde do bebê, a amamentação pelo período de um ano e meio. Recomendo que os pais façam a alimentação do bebê em casa, evitando comprar essas papinhas prontas, uma vez que todo alimento para não estragar contém uma química e um excesso de sal ou de açúcar, contido nesses alimentos, pode deturpar o paladar dessa criança, fazendo com que precocemente ela fique viciada nesses dois produtos.
Nos primeiros meses de vida, que tipo de alimentos recomenda?
Érico Rolvare – As crianças tem as fases das papas, que começa aos quatro meses com as frutas, depois aos cinco meses com os legumes. Aos seis meses, elas podem começar a comer proteínas, que seriam as carnes, de frango ou de vaca. Não recomendo o peixe nessa fase, pelo risco de contaminação por mercúrio e também por ser um alimento muito sensível e facilmente perecível. A soja também não é indicada porque a criança está em desenvolvimento e além de ser transgênica, tem um precursor de hormônio, que é a isoflavona, que se converte em hormônio feminino no organismo.
Como as crianças podem ter uma alimentação saudável e equilibrada nesses primeiros anos de vida?
Érico Rolvare – Tudo vai depender do comportamento dos pais. Eles têm que saber dosar as coisas. Se deixarem a criança muito exposta ao açúcar, é claro que ele vai futuramente optar por um refrigerante. Da mesma forma se ocorrer com o sal, ela também vai querer um salgado. A partir do momento que a criança é exposta a algo, por exemplo, que tenha muito açúcar, algo que tenha um realçador de sabor, o paladar dela será direcionado para esse tipo de alimento. Sem dúvida, que o dia a dia da vida moderna exige praticidade, mas vale a pena os pais investirem nessa fase da vida de seus filhos, em uma alimentação mais saudável e equilibrada para eles.
Como então os pais devem montar a lancheira que as crianças levam à escola, do ponto de vista uma boa alimentação?
Érico Rolvare – O ideal é que a criança leve para a escola um carboidrato – uma ou duas frutas, pão integral ou bolo integral, feitos em casa. Pode acrescentar um suco natural ou água. Pode-se acrescentar uma proteína – ovo cozido ou peito de frango. Esses alimentos ajudam a dar mais saciedade e mais energia, para a criança brincar e estudar. Não devem ser colocados nessa lancheira frios, do tipo presunto ou mortadela, que só têm caloria.
Em casa, a combinação arroz e feijão é uma boa dupla para a alimentação?
Érico Rolvare – O arroz e feijão é uma combinação excelente. Primeiro porque são dois grãos que têm proteína, embora em menor quantidade que a da carne. Quando esses dois grãos se combinam, temos uma proteína completa, semelhante a da carne. Sugiro que a esse cardápio, os pais acrescentem uma verdura ou legume cozido e uma proteína, que pode ser frango ou carne vermelha. Entre três e quatro anos de idade, a criança já pode ter o peixe acrescido ao seu cardápio.
Qual a quantidade de ovo que pode ser consumida nessa fase?
Érico Rolvare – O ovo também é um alimento completo. Diz-se que tem muito colesterol, uma gordura animal. Pode-se comer um ovo cozido por dia, que não vai alterar o colesterol da criança ou adolescente. O adulto pode comer até mais de um ovo por dia, o que não deve é fritá-lo.
Como se vence a fase do “não gostar de legumes ou verduras”?
Erico Rolvare – Quando a criança diz que “não gosta de legumes e verduras”, isso vem dos próprios pais, que já deram esse conceito ruim para ela. Volto a dizer que depende da forma como as coisas forem dosadas. É preciso que os pais estimulem os filhos a experimentar diversos alimentos. Não pode ter sorvete e lanche todos os dias.
Por que a obesidade e o diabetes tipo 1 aumentam entre os jovens”?
Erico Rolvare – Na prática do consultório verifico que é muito comum crianças de 10 a 12 anos, não terem uma verdura na sua alimentação diária. A base da alimentação delas está pautada puramente no carboidrato. Cada vez mais temos crianças nessa faixa de idade obesos e com diabetes tipo 1.
E como se dá a passagem da adolescência para a vida adulta, dentro desse contexto de uma busca por uma alimentação equilibrada?
Erico Rolvare – Conforme vai se desenvolvendo, esse jovem aumenta a sua quantidade de nutrientes ingeridos, uma vez que o seu desgaste é maior. Mais gorduras, proteínas e carboidratos são necessários para o organismo funcionar. Tudo isso vem em um pacote, em que são acrescidas as vitaminas e os minerais.
O jovem leva para a idade adulta, aquilo que aprendeu na infância. Se não for acostumado a comer frutas, legumes e verduras ficará mais cedo exposto aos produtos industrializados e assim passará esse mesmo ciclo para a geração seguinte. Por isso é importante que a criança, do ponto de vista alimentar, tenha a chance de mudar esse futuro previsível.
Foto : Roncon & Graça Comunicações