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      02/03/2016 | Marcos Ebert

      EMPREENDEDORISMO, CRISE E SONHOS

      *Marcos Ebert
       

      Diante do tamanho da crise que o Brasil atravessa, conjugando queda vertiginosa no mercado com instabilidade política, onde um alimenta o outro, empreender um negócio pode parecer ato de heroísmo. Sem dúvida, a tarefa é mais desafiadora, quando analisamos esse quadro, que a julgar pelos especialistas econômicos, deve perdurar pelos próximos dois anos.

      Então vale a pena empreender nesse momento? Com a experiência de 27 anos, desde que larguei uma atividade profissional estável e criei meu próprio negócio, avalio que é possível, desde que o empreendedor responda a algumas perguntas básicas. Primeiro, deve-se levar em conta que a crise não atinge todo o mercado com a mesma intensidade. Com qual intensidade o negócio que se pretende empreender foi atingido pela crise? Dependendo da resposta, valerá ou não a pena investir nele.

      Tem recursos financeiros suficientes para esse empreendimento e alguma sobra para imprevistos? Iniciado o empreendimento, trate o caixa da sua empresa como rei. É aquela velha máxima, somente “converse” com o rei (o caixa), o estritamente necessário. Isso significa que o caixa é quase intocável e tem que ser preservado ao máximo, principalmente em momentos de crise, como o que atravessamos. Somente faça investimentos, absolutamente necessários para a evolução do seu negócio.

      O empreendedor deve se dedicar a criar a sua equipe de profissionais com qualidade, competência e ética. Outro aspecto fundamental é a marca, aquilo que identifica o negócio, que tem que ser sinônimo de seriedade, qualidade e honestidade. A construção da marca é um trabalho cotidiano, que tem que contar com o comprometimento de todos envolvidos no negócio. Uma marca, que se destaca positivamente no mercado, não tem preço e garante futuro promissor ao empreendimento.

      O empreendedor precisa encontrar o preço justo do seu negócio, que não significa ser o mais barato, mas sim aquele que remunera de forma correta o produto ou o serviço oferecido, bem como os colaboradores e os investimentos realizados.

      Outro aspecto fundamental para a prosperidade é olhar e entender o comportamento dos colaboradores da empresa e de seus clientes. Essa percepção é estratégica para o bom andamento do empreendimento. Funcionários insatisfeitos vão executar mal as suas tarefas e isso vai gerar clientes insatisfeitos, num efeito crescente, que pode ser fatal para a sobrevivência do empreendimento.

      De uma maneira geral, o empreendimento tem três pilares, com as gestões administrativa-financeira, técnica e de marketing. Essas áreas devem ser coordenadas por pessoas com a competência técnica, que cada uma necessita para o seu bom andamento.

      Para o sucesso do negócio, o empreendedor precisa estar atento e aberto às novidades do mercado. Seja nas necessidades dos seus clientes, seja na evolução do segmento onde atua. ‘Achismos’ e preconceitos de qualquer natureza não cabem em hipótese alguma, uma vez que o negócio evolui sempre e o empreendedor precisa estar aberto às novas ideias, para não ser “atropelado pelos fatos”.

      Por fim, a mais importante missão do empreendedor. Conseguir dividir o seu sonho com seus colaboradores.  Fazer com que a chama que brilha nos seus olhos, também brilhe em outros olhos.

      O empreendimento começa com uma ou duas pessoas. Com o passar dos meses e dos anos, o grupo aumenta, as atividades se expandem, o negócio se sofistica. Motivar permanentemente as pessoas e fazer com que elas evoluam não é tarefa fácil. Muitos dividirão o mesmo sonho e crescerão juntos. Infelizmente, outros ficarão pelo caminho, como é da dinâmica da vida.

      No entanto, cabe ao empreendedor nunca abdicar do seu sonho!


      *Marcos Ebert é engenheiro civil e diretor-proprietário da Fórmula & Cia. Farmácias com Manipulação.

       

      Foto:  Roncon & Graça Comunicações





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