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Dia da mulher - Cada vez mais são as flores que recebem o carinho das mulheres
O número de mulheres nos campos e estufas de flores no Brasil tem crescido consideravelmente nos últimos anos. O Ibraflor estima que as mulheres já representam 55%, em média, do total da mão de obra do setor. Nessa época, elas têm uma missão especial: produzir flores para presentear outras mulheres, cujo dia é comemorado em 8 de março.
As flores são, com raras exceções, um presente sempre assertivo. Mesmo em um país que vive forte recessão, apenas a Cooperativa Veiling Holambra estima, em relação a 2015, um crescimento de 6% a mais em faturamento e de 3% a mais na comercialização de flores e plantas ornamentais no Dia da Mulher, a segunda melhor data para o mercado floricultor, atrás apenas do Dia das mães.
As rosas, vermelhas, principalmente, devem ser novamente o carro chefe. Grandes produtores, como o Grupo Swart, de Holambra, estimam comercializar 40% a mais do que no Dia da Mulher do ano passado e separaram 690 mil hastes para os atacadistas.
Os grandes distribuidores também estão otimistas com o Dia da Mulher. O comprador do atacadista Terra Viva, Jair Bordotti, que atende toda a região Nordeste do Brasil, disse ter recebido, apenas de rosas vermelhas, um aumento nos pedidos deste ano entre 15 e 20%, em relação a 2015.
Para José de Paula, sócio da Holambelo, que distribui flores e plantas ornamentais para os estados do Rio de Janeiro, Mato Grosso, Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo, os pedidos ainda estão começando ser feitos, mas a expectativa é de que sejam, no mínimo, 10% a mais do que no ano passado. Ele reforça a preferência pelas rosas vermelhas e pinks e pelas orquídeas.
Mercado
O presidente do Ibraflor, Kees Schoenmaker considera que as previsões do crescimento do mercado de flores para o Dia das Mães estejam tímidas, pois atacadistas e floristas estão cautelosos e inseguros quanto ao comportamento dos clientes.
“Isso pode fazer com que haja demanda e falte produto nos pontos de venda no Dia da Mulher. Essa data é forte, sendo a segunda melhor oportunidade para o mercado - atrás do Dia das mães. Este ano as condições são favoráveis para o incremento das vendas, pois a data não é muito próxima ao carnaval, como no ano passado”, analisa.
Em 2015 o mercado de flores teve crescimento de cerca de 8% e faturou algo em torno de R$ 6,1 bilhões em todo o Brasil. “Os produtores decidiram enfrentar as crises hídrica e econômica e obtiveram bons resultados no ano passado. Claro que existe uma grande apreensão diante da estagnação do país, onde ninguém consegue prever o que acontecerá no curto prazo de três meses. Mas, estamos fazendo a nossa parte e enfrentando a crise com criatividade e trabalho”, diz.
As mulheres são as protagonistas não apenas das homenagens no dia 8 de março: são elas que estão, cada vez em maior número, na linha de frente nos campos de estufas de flores, cultivando, cuidando e embalando as mais variadas espécies para que as outras mulheres possam ser presenteadas.
O Ibraflor - Instituto Brasileiro de Floricultura - estima que as mulheres já representam 55%, em média, do total da mão de obra do setor, considerado uma importante engrenagem na economia brasileira e responsável por 215.818 empregos diretos.
“As mulheres vem conquistando cada vez mais espaço no mercado de flores em geral, inclusive na produção, porque têm maior afinidade com o produto, são mais delicadas e caprichosas e, principalmente, porque são mais constantes, ou seja, faltam menos ao trabalho”, explica o presidente do Ibraflor, Kees Schoenmaker.
De acordo com Schoenmaker, do total de trabalhadores no setor da floricultura brasileira, 78.485 (36,37%) atuam na produção; 8.410 (3,9%) na distribuição; 120.574 (55,87%) no varejo e 8.349 (3,8%) em outras funções, na maior parte como apoio. “E, em todos esses segmentos da floricultura, as mulheres vem conquistando cada vez mais espaço”, diz.
Preferência pelas mulheres
O Grupo Swart, um dos maiores e mais importantes produtores de rosas e kalanchoes do Brasil comprova o crescimento da mão de obra feminina na produção e embalagem de flores. Nas duas unidades produtoras de kalanchoes localizadas em Holambra, interior de São Paulo, as mulheres representam 62% (44 dos 70 funcionários).
Nas unidades produtoras de rosas elas são quase a metade (42%) no sitio localizado em Andradas (MG) e (17%) na Serra de Ibiapaba (CE). O percentual do número de mulheres na produção da unidade do Nordeste ainda é pequena, pois é preciso considerar a mão de obra disponível em cada local e a necessidade da mão de obra masculina para os trabalhos mais braçais, como o carregamento dos maços e dos caminhões.
E não é só na produção. Na Cooperativa Veiling de Holambra, que responde por cerca de 45% do comércio nacional de flores e plantas ornamentais, a presença masculina não é maciça, ao contrário do que muita gente pensa: 40%, de um total de 365 colaboradores são mulheres. Na equipe executiva 63% dos cargos são ocupados por mulheres.
De acordo com a diretora do Grupo, Patricia Swart, a preferência pela contratação de mulheres é nas áreas onde se precisa de mais delicadeza e cuidados, como no corte de mudas, na classificação dos produtos, na montagem dos maços e buquês e na montagem das caixas com vasos com imãs (Magnet kalanchoes). “Elas têm um olhar mais apurado para o belo, para os detalhes e sabem melhor diferenciar qualidades.”, explica.
De mulher para mulher
Silvia Fatima de Sousa Oliveira, 44 anos, está há 10 no Grupo Swart, mas já trabalhava na produção de mudas em outra fazenda. Na unidade de kalanchoes de corte ela faz de tudo um pouco: escolhe as matrizes (mudas) para produção, colhe as flores e faz os buquês que serão comercializados no mercado.
Cada buquê que embala leva a imaginar para onde ele vai e quem será a “sortuda” que o receberá. “A gente prepara com tanto carinho que fica torcendo para que a pessoa que o receberá se emocione com as flores”, diz. Ela própria adora receber flores. Rodrigo, seu marido, no entanto, nunca a presenteava, acreditando que, por trabalhar no meio delas, Silvia desejaria outro presente. Até que, um dia, ao ser entrevistada por uma emissora de TV, durante a Expoflora (exposição de flores realizada em Holambra), ela comentou sobre isso. Desde então, passou a ser presenteada com flores não só pelo marido, mas, também, pelos amigos.
Angela de Campos Pereira dos Santos, 27 anos, também há 10 anos no Grupo Swart, começou a trabalhar na produção de flores por ser o emprego disponível na região. Mas não pretende mais sair dali. Gosta mais do serviço de embalagem e de formar o mix nas bandejas, escolhendo harmoniosamente as cores das flores que serão apresentadas, em desfile, no leilão da Cooperativa Veiling.
“Pode ter certeza de que faço isso com amor”, diz. Quando perguntada se imagina a reação de outra mulher ao receber as flores que ela planta, cultiva e embala, responde: “A gente tenta fazer o melhor para chegar até elas os produtos que gostaríamos de ganhar”.
Sobre o Dia da Mulher
No Dia 8 de março de 1857, em Nova York, operárias de uma fábrica de tecidos realizaram uma greve para reivindicar redução na carga diária de trabalho de 16h para 10h, equiparação de salários com os homens (recebiam apenas 1/3) e tratamento digno no ambiente de trabalho. Foram reprimidas com muita violência e trancadas na fábrica, que foi incendiada. Cerca de 130 tecelãs morreram carbonizadas.
Em 1910, na Dinamarca, durante uma conferência, foi escolhida a data de 8 de março para ser comemorado o Dia Internacional da Mulher, em homenagem às tecelãs. Em 1975, a data foi oficializada pela ONU - Organização das Nações Unidas.