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Melodias imortais de Tosti no palco do CCLA
Francesco Paolo Tosti, compositor italiano do Século XIX, admirado por Verdi, legou ao seu tempo aos amantes da canção italiana um extraordinário acervo de canções românticas. São de tal maneira apreciadas essas páginas que cantores célebres cantaram e gravaram essas peças de grande lirismo. Nesta sexta-feira, dia 08 de abril, às 20 horas, na sala de concertos do Centro de Ciências, Letras e Artes (rua Bernardino de Campos, 989, Centro de Campinas, tel. 3231-2567), a ABAL Campinas apresenta nos Encontros Musicais a soprano Regina Márcia Moura Tavares, o barítono Nelson Nicola Dimarzio, os tenores Vicente Montero e Alcides Acosta, e o baixo Rafael Leoni, com acompanhamento de Chiquinho Costa. Eles interpretarão 13 dessas imortais canções: Il pescatore canta, 'A Vucchella, Ave Maria, Malia, Non t'amo più, Ideale, Marechiare, Rosa, Preghiera, La Serenata, Addio, Vorrei Morire e L'alba separa dalla luce l'ombra.
Tosti não era um compositor da ópera, mas suas canções o tornaram mundialmente conhecido e amado por todos os que apreciam ouvir uma combinação perfeita entre texto e música. Francesco Paolo Tosti nasceu em Abruzzo, Itália, em 9 de abril 1846. Foi ele a última de cinco crianças sobreviventes no casamento de Giuseppe Tosti, um negociante de cereais. Francesco freqüentou a escola em Ortona e lá adquiriu seus primeiros conhecimentos de música, incentivado por seu professor Gaetano.
Saverio Mercadante não somente identificou o talento musical do adolescente Tosti como ficou impressionado por sua inteligência e caráter. Tosti foi diplomado professor no ano de 1866. Em torno dos vinte anos (1866) Tosti mostrou-se frustrado, agitado e sua saúde declinou, o que não o impediu de compor duas canções: 'Non t’amo più' e 'Lamento d’Amore' , que iriam se tornar extremamente populares. Com 21 anos foi convidado por alguns chefes e empregados de uma companhia para trabalhar perto de Ortona na construção de uma estrada de ferro, a Companhia do Adriático. Em um teatro, durante um intervalo nos trabalhos diários, Tosti dirigiu uma miniestação de ópera. Ao invés disso agradá-lo, veio deixá-lo mais agitado e ansioso por abandonar aquele trabalho pesado. Montou três óperas naquela temporada: Il Trovatore, de Verdi; Roberto di Devereux e Lucrezia Borgia, de Donizetti. Em 1869, as obras da companhia de estrada de ferro do Adriático havia quase terminado o trecho de trilhos de Ortona.
Em fins de 1870, Tosti abandonou Ancona para tentar a sorte em Roma. Na capital italiana, o compositor conquistou um sucesso considerável na Sala Dante, cantando diversas de suas próprias baladas. A princesa Margherita de Savoy, mais tarde Rainha da Itália, mostrou-se vivamente impressionada que o contratou para seu professor de canto. Após cinco anos em Roma, Tosti estava novamente ansioso para tenta a sorte em novas terras, e pensou na Inglaterra, um lugar que lhe parecia bastante atrativo, pois no passado visitara Londres e tomara gosto pela paisagem e história do antigo Reino (1875). Esta deveria ser a etapa a mais importante na carreira de Tosti. Entre 1876 e 1880, Tosti trabalhou duramente para se estabelecer em Londres. Ainda viajava a Roma para trabalhar de vez em quando. Em 1877 o compositor italiano, o grande Giuseppe Verdi recomendou Tosti ao famoso regente alemão, Maestro Hiller, elogiando seu promissor talento, um entre poucos professores de canto italianos dignos naquele tempo. Porém, Tosti havia deixado seu coração em Londres. Ali, o nome de Tosti tornou-se famoso e ele foi convidado a se assumir como professor de canto da família real, estando no trono a Rainha Victoria.
Em 1880, Tosti decidiu estabelecer-se em Londres. Tinha então composto 'Addio ' e 'Forever', mas era esta última composição que resume sua afeição para com a Inglaterra. Seu estilo de baladas nostálgicas e simples deleitou o gosto dos ingleses. Suas canções projetaram sua melodia em todos os salões elegantes da moda de Londres. Sem dúvida nenhuma, a canção sentimental 'Mother' levou finalmente a Inglaterra a desejar adotá-lo como seu filho. Mesmo que Inglaterra fosse agora o mundo novo de Tosti, seu coração permanecia na Itália, especialmente em Nápoles, Roma (onde manteve uma casa para suas temporadas de visita) e Abruzzo. Tosti casa-se em Londres em 1889. Após ter recusado a cidadania britânica diversas vezes, ele acabou por aceitá-la em 1906. Tosti foi sagrado Cavaleiro da Coroa em 1908 por seu amigo o Rei Edward VII. Em 1910, o rei Edward morreu e, então, Tosti voltou a Roma onde viveu os anos restantes.
Tosti escreveu cerca de 360 canções em toda a vida. Parece fácil compor uma canzoneta no estilo de Tosti, mas sua enorme produção de canções revela o talento invejável no gênero que escolheu. A elegância de sua linha vocal tem um fluxo italiano genuíno e um calor expressivo, que compensa as letras excessivamente sentimentais, cantadas em italiano, francês ou no inglês. Em obras como 'L’alba separa dalla luce l’ombra' , sua música tem uma intensidade quase operística. Tosti nunca pretendeu ser um compositor profundo, mas o fato de artistas do calibre de Enrico Caruso, Beniamino Gigli, Jussi Björling, Eva Turner, Mario Lanza e, mais recentemente, Luciano Pavarotti, José Carreras e Andrea Bocelli terem incluído suas canções em seus recitais fala certamente por si só. Tosti morreu em Roma, Itália, no Hotel Excelsior, em 2 de dezembro de 1916.
Entrada franca.
