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O QUE É PRECISO PARA A CULTURA DA INOVAÇÃO
Com o seu início em meados do ano 1200 na Europa, a Propriedade Industrial chegou ao Brasil um pouco depois de sua descoberta. Por volta do ano de 1800 tivemos uma lei elaborada neste sentido. São 600 anos de diferença, entre o início na Europa e a primeira lei referente ao tema no Brasil - idade essa que ainda o País está longe de completar. Não obstante, convenhamos que toda essa diferença não pode ser justificativa para inovarmos tão pouco, comparando-se com outros países colonizados e diante de todo o potencial que temos – principalmente a região de Campinas, conhecida como Vale do Silício Brasileiro. Vejamos o exemplo do Japão, que se tornou uma referência em tecnologia.
A falta da cultura de inovação tem refletido de forma drástica na realidade da sociedade. No entanto, somos um País que carece de condições básicas para o desenvolvimento de qualquer pessoa – e isso não é novidade alguma. Muitos ainda não sabem o que é esgoto encanado e tratado, energia elétrica, entre outros serviços essenciais para a sobrevivência humana com dignidade - quiçá ler e escrever e quanto mais se preocupar em inovar!
Ora, somos um País que ainda escraviza das mais diversas formas e não é de se estranhar que a população não esteja preocupada com o fomento da Propriedade Industrial. Ainda mais depois da crise mundial que resolvemos perceber apenas no ano passado. Estamos presos ao passado, por isso apenas nos importamos com aquilo que gera riquezas imediatas ao presente, e isso reflete o nosso mercado atual, em que o número de microempresas vem crescendo de forma quase exponencial (o que é ótimo, levando-se em consideração a atual taxa de desemprego) nos últimos quatro anos. Mas isso ocorre em setores que pouco inovam – como serviços de alimentação e beleza – o que não causa muita estranheza, uma vez que o próprio governo se utiliza de métodos arcaicos, por exemplo, para gerar energia elétrica para o País. Se o governo não inova, qual o motivo de seu povo inovar?
O que temos é que a inovação é deixada de lado mais uma vez, o que gerará um grande prejuízo futuramente, para dar espaço ao essencial à sobrevivência – o que não há nada de errado nisso (mas, pelo visto estamos acostumados com prejuízos). Aliás, como pessoas mais do que privilegiadas, nada mais sensato do que pensar dessa forma e se preocupar mais com o ensino, alimentação e outros direitos básicos de uma população surrada, do que com a inovação em si.
Enquanto vivermos com a máxima de que “o Brasil é o país do futuro” (assertiva que já virou passado), não teremos condições de inovar, fomentar e ver crescer uma Cultura de Propriedade Industrial. O Brasil apenas se tornará um país referência em inovação e sua população se voltará para isso, quando não tivermos mais que nos preocupar com questões básicas de sobrevivência humana. Enquanto isso, não podemos reclamar da forma retrógrada como lidamos com a tecnologia e a inovação.
*Clara López Toledo Corrêa é advogada da Toledo Corrêa Marcas e Patentes. E-mail – claratoledo@toledocorrea.com.br
Foto: Roncon & Graça Comunicações