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Um dia após o início oficial da campanha eleitoral, o candidato à Presidência José Serra (PSDB) fez uma visita surpresa a Campinas e defendeu como prioridade a ampliação do Aeroporto Internacional de Viracopos - por meio da concessão à iniciativa privada - para a solução do caos aéreo no Estado. O tucano afirmou que somente com a ampliação o aeroporto terá demanda para justificar a construção de um trem expresso ligando a cidade à Capital paulista. "Sem a ampliação (de Viracopos) tira daqui a viabilidade de se fazer trens, porque precisa ter demanda. Agora, se virar um grande aeroporto de passageiros, muito volumoso, é moleza fazer o trem, um expresso para São Paulo" , disse, evitando mencionar o projeto do trem de alta velocidade (TAV), de autoria do governo federal, ligando Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro.
"Eu tenho defendido sempre que a grande solução para São Paulo é a ampliação de Viracopos, que pode ir para 60 milhões de passageiros por ano. Agora, precisa fazer concessão. Conversei com o prefeito (Hélio de Oliveira Santos, do PDT) na época, convenci ele para essa posição, da concessão, conversei com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, mas nada andou e não fizeram nada" , disse o candidato, para em seguida atacar a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). "Inclusive, a Infraero agora não está dando as informações ambientais para que o projeto (de ampliação) tenha curso" , afirmou, referindo-se às informações complementares ao Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima) para que a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) conceda a licença ambiental do empreendimento.
Bandeirantes
Sem mencionar o TAV, Serra ressuscitou o antigo projeto do Trem Bandeirantes ligando Campinas a São Paulo e Guarulhos - engavetado durante o segundo ano de sua gestão como governador do Estado, em 2008. Ele não quis dar detalhes, mas acabou responsabilizando a Infraero pela inviabilidade do projeto. "A Infraero não fez o terceiro terminal em Guarulhos e isso inviabilizou um trem expresso entre São Paulo e Cumbica" , disse.
Ao argumentar a "lentidão" da empresa, o candidato acabou fazendo a mesma previsão para Campinas. "Agora a Infraero não está distribuindo as informações, é uma coisa lenta, a passo de tartaruga. Isso cria um impasse e tira daqui (Campinas) a viabilidade de fazer trens, porque precisa ter demanda" , disse. Serra contou que no governo de São Paulo, prevendo a ampliação de Viracopos, esticou o Anel Viário Magalhães Teixeira até Viracopos "para ter comunicação direta" dos veículos com o aeroporto. Conforme reportagem publicada pelo Correio em 26 de junho, a Cetesb encaminhou ofício à Infraero cobrando, no prazo de 90 dias, oito informações complementares ao EIA-Rima. Segundo a assessoria de imprensa da Infraero, a diretoria preferiu não comentar as declarações dadas ontem por Serra. Ainda de acordo com a assessoria, a empresa federal já está trabalhando para responder aos questionamentos feitos. Algumas das informações dependem da Prefeitura de Campinas. Os dados referem-se aos impactos das obras no entorno do empreendimento e são, segundo a direção da companhia, fundamentais para a liberação das intervenções.
‘Cachorrinho é que demarca território’
A visita surpresa do candidato tucano José Serra, ontem pela manhã, a Campinas serviu para captação de imagens e depoimentos que serão inseridos no programa político do PSDB.
O horário político, segundo o calendário eleitoral das Eleições 2010, está previsto para começar em 17 de agosto. O presidenciável, que cumpria agenda com o candidato a governador Geraldo Alckmin (PSDB) em Jundiaí, veio para a cidade acompanhado apenas de uma assessora.
A visita foi tão inesperada, que o presidente do PSDB em Campinas, o vereador Artur Orsi, foi avisado pela imprensa. Ao desembarcar do carro na Rua Barão de Jaguara, em frente à Igreja Nossa Senhora do Carmo, Serra cumprimentou eleitores, beijou crianças, ouviu reclamações, tomou café e comeu bolo em um ponto tradicional da cidade, tudo acompanhado por câmeras.
Questionado sobre os motivos de sua visita à cidade - a segunda em menos de 12 dias - e se isso se tratava de uma estratégia devido ao apoio do prefeito Hélio de Oliveira Santos (PDT) à candidata petista Dilma Rousseff à Presidência, Serra desconversou. "Não sou cronista para comentar isso. Não sou cachorrinho. Cachorrinho é que demarca território. Eu gosto de Campinas. Aliás, sou professor na Unicamp." Na quinta-feira passada, Hélio coordenou um encontro pluripartidário com prefeitos paulistas em Campinas, em apoio a Dilma. A presença de grande número de prefeitos do PSDB gerou mal-estar na direção estadual e municipal do partido. (VBF/AAN)
Ex-governador critica a ‘falta de posição’ de Dilma
Ataque é uma resposta à petista que o chamou de ‘ventríloquo de marqueteiro’
Durante sua passagem-relâmpago por Campinas, ontem, o candidato à Presidência José Serra (PSDB) não poupou críticas à sua principal concorrente nas eleições, a ex-ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT).
Para o tucano, Dilma precisa manter uma única posição e se mostrar como ela realmente é. "Eu não saio de manhã e o marqueteiro diz: ‘hoje você fala mal do MST (Movimento dos Sem Terra)’. No dia seguinte o marqueteiro diz: ‘hoje você fala bem do MST'. No outro dia: ‘hoje você defende os juros siderais’. Amanhã você defende a redução dos juros. É um pouco complicado. Se vai de acordo com o comunicador (marqueteiro), você vai nessa toada" , disse.
Serra cobrou posição da candidata petista à Presidência. "O que digo aqui em Campinas para os pobres, digo também para os banqueiros, para o sindicato. Não tenho posição para cada tipo de público, até porque ter posição para cada público sabe o que significa? Que você não tem posição" , disse.
Publicada em 8/7/2010
Correio Popular
Cidades
Venceslau Borlina Filho
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
venceslau.borlina@rac.com.br
