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Árias e canções homenageiam Carlos Gomes no CCLA
O genial compositor campineiro Carlos Gomes será lembrado pelo Centro de Ciências, Letras e Artes e pela ABAL Campinas, às vésperas de seu 181⁰ ano de nascimento, ocorrido em 11 de julho de 1836. Em recital a ser realizado no próximo sábado, dia 08, às 20 horas, no auditório do CCLA (Rua Bernardino de Campos, 989, Centro, tel. 3231-2567), com a participação do contralto Celeste do Carmo, da soprano Marina Gabetta, do baixo Rodrigo Theodoro, do barítono Nelson Nicola Dimarzio, dos tenores Vicente Montero e Alcides Acosta, acompanhados ao piano por José Francisco da Costa. No repertório, canções como La Picola Mendicante, Povera Bambola, Addio, Cos'è l'amore, Sempre Teco, Quem sabe?!, Notturno, Il Brigante, Ave Maria, e as árias Ogni rumor di passi, Di sposo... di padre, D'amore l'ebbrezze, Sogni d'amore, Senza tetto, senza cuna; e Ciel di Parahyba.
Carlos Gomes nasceu numa segunda-feira, em humilde casa da Rua da Matriz Nova, (rua Regente Feijó), filho de Manuel José Gomes (Maneco Músico) e dona Fabiana Cardoso Gomes. A vida de Antônio Carlos Gomes foi marcada pela dor da perda da mãe, tragicamente assassinada aos vinte e oito anos. Seu pai, Manoel Jose Gomes, que exercia o ofício de Mestre de Capela na Matriz Velha, fundou uma banda musical, onde Carlos Gomes iniciou seus passos artísticos. Desde cedo revelou pendores musicais e foi incentivado pelo pai e, depois, por seu irmão, José Pedro de Sant'Ana Gomes. O jovem músico, em conjunto com seus irmãos, realizou as primeiras apresentações em bailes e em recitais. Alternava o tempo entre uma alfaiataria, costurando calças e paletós, e aperfeiçoando seus estudos musicais. Aos 15 anos de idade compunha valsas, quadrilhas e polcas. Aos 18 anos, em 1854, escreveu sua primeira missa, a Missa de São Sebastião, dedicada ao pai. Na execução, cantou alguns solos com voz embargada pela emoção, comovendo a todos os presentes, especialmente ao irmão mais velho, que lhe previa futuros triunfos. Em 1857 compôs a modinha Suspiro d'Alma, com versos do poeta romântico português Almeida Garrett. Ao completar 23 anos lecionava piano e canto, dedicando-se com afinco ao estudo das óperas, demonstrando preferência por Giuseppe Verdi. Tornou-se conhecido em São Paulo, onde realizava frequentemente concertos e onde compôs o Hino Acadêmico, ainda hoje cantado pela mocidade da Faculdade de Direito. Aqui recebeu os mais amplos estímulos e todos, sem discrepância, apontavam-lhe o rumo da Corte, em cujo conservatório poderia aperfeiçoar-se. Todavia, Carlos Gomes não podia viajar porque não tinha recursos.
Em 4 de setembro de 1861, foi cantada, no Teatro da Ópera Nacional, a ópera A Noite do Castelo, primeiro trabalho de fôlego de Antônio Carlos Gomes, baseado na obra de Antônio Feliciano de Castilho. Constituiu grande revelação e obteve êxito sem precedentes nos meios musicais do País. Carlos Gomes foi levado para casa em triunfo por entusiástica multidão, que o aclamava sem cessar. O Imperador, também entusiasmado com o sucesso do jovem compositor, agraciou-o com a Imperial Ordem da Rosa. Carlos Gomes conquistou logo a Corte. Tornou-se uma figura querida e popular. Seus cabelos compridos eram motivo de comentários, e até ele ria das piadas. Certa vez, viu um anúncio, que fora emendado: de "Tônico para cabelos", fizeram "Tonico, apara os cabelos!"
A saudade de sua querida Campinas e de seu velho pai atormentavam lhe o coração. Pensando também na sua amada Ambrosina, com quem namorava, moça da família Correia do Lago, Carlos Gomes escreveu Quem sabe?, de uma poesia de Bittencourt Sampaio, cujos versos "Tão longe, de mim distante... " ainda são cantados pela nossa geração. Dois anos depois desse memorável triunfo, Carlos Gomes apresenta sua segunda ópera, Joana de Flandres, com libreto de Salvador de Mendonça, levada à cena em 15 de setembro de 1863. Na Congregação da Academia Imperial de Belas Artes, recebeu um ofício do diretor do Conservatório de Música comunicando ter sido escolhido o aluno Antônio Carlos Gomes para ir à Europa, às expensas da Empresa de Ópera Lírica Nacional, conforme contrato com o Governo Imperial. Estava, assim, realizada a aspiração do campineiro que ao ir agradecer ao Imperador a magnanimidade, não deixou de se lembrar de seu velho pai e solicitou para este o lugar de mestre da Capela Imperial. Dom Pedro II, enternecido por tal gesto de amor filial, concordou.