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Uma entidade centenária que abriga dois museus, um reverenciando a figura de Carlos Gomes, tendo em seu acervo o piano que pertenceu ao maestro e mais de 3 mil partituras originais de suas obras, e outro guardando o busto, fotos e livros de Campos Salles; uma biblioteca com mais de 120 mil livros, jornais e revistas que contam a história da cidade; uma pinacoteca com cerca de 180 telas, onde estão obras famosas de Lasar Segall, Pedro Alexandrino, Almeida Júnior; um amplo auditório, com acomodações, em formato de anfiteatro, para mais de duzentas pessoas, dotado de moderno equipamento de projeção cinematográfica, sistemas de som e de audiovisual.
Esse é o Centro de Ciências, Letras e Artes de Campinas, que agoniza. Sobrevive, hoje, a custa do trabalho árduo de alguns abnegados, que não se cansam de bater em portas e mais portas, quase sempre muito bem fechadas para eles, em busca de apoio, de atenção, de soluções financeiras que os ajudem a continuar nessa obra cultural, que faz parte da própria história da cidade.
É a realidade cruel: exausta de sentir na pele o esquecimento da comunidade onde se instala, pede socorro. Precisa urgentemente de verbas, oficiais ou saídas da iniciativa privada, pois os custos de manutenção já superam sua parca receita: mensalidades de seus poucos associados e uma única renda provinda da locação de parte de sua propriedade imobiliária. Mas nada de desânimo, pois a entidade ainda acredita na chegada a qualquer momento de boas notícias, deste ou daquele núcleo das forças vivas de Campinas, que, enfim, compreendam o risco de se deixar escapar de suas mãos um tesouro assim tão valioso.
É mesmo uma história bem simples: César Bierrenbach e intelectuais motivados pela filosofia positivista, com apoio de cientistas do recém-instalado Instituto Agronômico e mestres do Colégio Culto à Ciência, ambos de Campinas, pensavam em formar um grêmio de estudos científicos. Mas o projeto logo evoluiu para uma aventura muito maior, a criação de uma entidade cultural que chamaram de Centro de Ciências, Letras e Artes. A constituição de uma associação privada em histórica Assembleia Geral no Clube Campineiro aconteceu no dia 31 de outubro de 1901 e contou com a participação de 99 assinaturas de cidadãos interessados no cultivo das ciências, das letras e das artes.
Cento e nove anos se passaram, e esta é sua realidade em 2010: dificuldades de manutenção dessa bela obra cultural e histórica. Mas apesar de tudo isso, seus dirigentes não param de sonhar, pois aí está a grandiosidade de suas intenções criativas.
Uma nova sede é o plano para o futuro. Terreno já existe, colocado sob a forma de comodato pela Prefeitura de Campinas no alto do bairro Taquaral.
Quem decide conhecer as atuais instalações da entidade, na rua Bernardino de Campos, 989, começa sua visita subindo uma escadaria de mármore, que o colocará frente a um quadro onde se vê o futurístico projeto arquitetônico da nova sede. Mas ainda faltam os meios para a concretização desse sonho: 7 milhões de reais.
Não há problema: um dia o Centro de Ciências, Letras e Artes chega lá.
Gustavo Osmar Mazzola é jornalista
Opinião - Correio Popular
CCLA pede socorro
GUSTAVO OSMAR MAZZOLA
mazzola@sigmanet.com.br