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A reconhecida resistência do povo de Mossoró (RN) na luta contra o bando de Virgulino Ferreira da Silva, mais conhecido como Lampião do Cangaço, foi quebrada no final de semana pelos acordes da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas. Em turnê pelas principais capitais nordestinas, foi no Interior do Rio Grande do Norte, distante 275 quilômetros da capital Natal, que o espetáculo atingiu seu maior público.
O Teatro Municipal, construído pela prefeitura com recursos da Petrobras, que faz a extração do petróleo na cidade, ficou pequeno para a quantidade de espectadores que assistiram às apresentações das sinfonias de Beethoven, Giuseppe Verdi e Carlos Gomes, e as músicas de Luiz Gonzaga. Segundo a organização, cerca de mil pessoas assistiram à orquestra, desde crianças e jovens até senhores.
O vigário-geral da Diocese de Mossoró, padre Flávio Augusto Forte Melo, faltou à missa para assistir à apresentação. No seu lugar, outro sacerdote cumpriu com as obrigações religiosas. “Não poderia deixar de vir. Uma apresentação da Orquestra Sinfônica de Campinas, tocando Carlos Gomes, é imperdível. Gosto muito da ópera O Guarani e sonhava em ouvi-la por uma orquestra campineira”, disse.
Há 20 anos na Sinfônica de Campinas, a trompista Cibele Lopes disse que o espetáculo em Mossoró foi o mais empolgante. “Todas as apresentações desta turnê foram especiais, mas a de Mossoró foi a mais incrível. O músico gosta da vibração dos espectadores, e isso aconteceu de fato aqui em Mossoró”, disse. “O teatro ajudou bastante também à apresentação”, completou.
O secretário de Cultura de Campinas, Arthur Achilles Gonçalves, disse que a turnê pelo Nordeste – a orquestra já passou por Recife (PE), João Pessoa (PB) e Natal – tem atingido o objetivo. “O nosso propósito, de divulgar a Orquestra Sinfônica de Campinas, o maestro Carlos Gomes e suas sinfonias, está sendo alcançado a cada apresentação. Estamos muito felizes”, disse.
Espetáculo
A turnê De Carlos Gomes a Luiz Gonzaga apresenta oito peças musicais, desde a Sinfonia n 8 de Ludwig Van Beethoven, passando por Piotr Ilyich Tchaikovsky e Mikhail Glinka, até Carlos Gomes, com a ópera O Guarani e Alvorada, e as músicas de Luiz Gonzaga. “Gonzaga foi um dos maiores poetas do Nordeste e não poderia ser deixado de fora. É um dos pontos altos da apresentação”, disse Gonçalves.
A orquestra, composta por 86 músicos, é regida pelo maestro Karl Martin. Suíço de Zurique, Martin está na sinfônica há cinco anos. Conhecido por sua rigidez extrema e profissionalismo, o maestro faz dos ensaios uma verdadeira prova de fogo aos músicos. Porém, após uma apresentação bem feita, costuma reverenciar aos músicos, como fez na apresentação em Mossoró.
A primeira apresentação, no Recife, aconteceu no Teatro Santa Tereza, no Centro antigo da capital pernambucana. Em João Pessoa, a apresentação foi aberta, na Praça dos 100 Réis, por causa do preço da tarifa do bonde que por ali circulava antigamente. Em Natal, a orquestra tocou no Teatro Alberto Maranhão, que antes levava o nome de Teatro Carlos Gomes. A última apresentação da orquestra acontece hoje em Forteleza (CE).
O REPÓRTER VIAJOU A CONVITE DA PREFEITURA DE CAMPINAS
A FRASE
“O nosso propósito, de divulgar a Orquestra Sinfônica de Campinas, o maestro Carlos Gomes e suas sinfonias, está sendo alcançado a cada apresentação.”
ARTHUR ACHILLES GONÇALVES
Secretário de Cultura de Campinas
Publicada em 24/8/2010
Caderno C
Venceslau Borlina Filho
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
Enviado especial ao Nordeste
venceslau.borlina@rac.com.br
