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      12/09/2010 | Maria Conceição Arruda Toledo

      No final da década de 70, as mulheres que disputavam vagas no mercado de trabalho com homens eram bastante discriminadas, já que o mundo ainda tinha um perfil acentuadamente masculino. Nessa época, Maria Conceição Arruda Toledo já tinha se casado e criado os seus filhos, mas queria novas conquistas.

      Foi então que, em 1977, poetas como João Gurgel Júnior e Maria José Cabral Guilhem reuniram-se na casa de Myrian de Nazareth Villela de Queiroz, quando foi fundado o Centro de Poesia e Arte de Campinas. Quem foi a primeira presidente da entidade? Conceição, é claro.

      Às vésperas de completar 90 anos (ela é de 8 de outubro), a escritora é a atual presidente de honra do CPAC. Seus primeiros versos surgiram exatamente para falar o que muitas mulheres sentiam naquela época: “Quisera ser livre como o vento, varrer, derrubar, destruir. Derrubar as barreiras que separam as almas dos grandes ideais. Destruir os galhos que aprisionam (...). Arrancar as raízes que me prendem (...)”. O marido entendeu que Conceição precisava ser mais do que mãe e esposa. E ela começou a escrever, a debater, a brigar, a acontecer. Nunca mais parou.

      Mãe de dois Josés - José Luiz e José Mário -, Conceição recebe os cuidados do primeiro e sente muita falta do segundo, o escritor J. Toledo, que poucos conhecem como José Mário. Jota morreu em 2007 e deixou um vazio imenso nas artes e no coração da mãe.

      Depois da morte do filho, ela escreveu o poema Cansei. E também foi pensando nele que mergulhou na escrita de um novo livro. Os amigos do CPAC a definem como guerreira e mulher nota mil, como diz Jerusa Ferraz, relações públicas da entidade. Conceição sorri, atenta e falante. Com esmalte vermelho, batonzinho, blush suave e cabelo sempre arrumado, vai ao salão de beleza uma vez por semana. Usa colar e brinco de pérolas, toda elegante para o brinde com refrigerante e pão de queijo na casa de Jerusa. Saúde!

      No elevador

      Como Conceição sempre escreveu para os jornais de Campinas, quando encerramos nossa conversa, pergunto, já no elevador: “Se o tempo voltasse, a senhora seria repórter?”. E ela responde: “Seria criminalista”. Mas, cá entre nós, acho que ela seria repórter investigativa. Das boas.

      Cinco pontas

      O hino do Centro de Poesia e Arte de Campinas é de autoria de Enid Maria Besteti Pires, que já presidiu a entidade. Diz: “Tu, CPAC, em teu seio aglutinas/ sonhadores, poetas e artistas,/que são láureas da amada Campinas/sempre em busca de novas conquistas.” O emblema do Centro foi criado pelo regionalista Jehovah Braz do Amaral. É uma estrela de cinco pontas: a lira dos poetas e cantores, a clave dos músicos, a sapatilha dos dançarinos, a paleta dos pintores e a pena dos escritores. Ao centro, congregando todas as artes, a sigla CPAC.

      Homenagem

      Logo depois de tomar posse do cargo de presidente, em seu primeiro mandato, Maria Conceição Arruda Toledo escreveu à viúva do poeta Guilherme de Almeida, comunicando-lhe a escolha, por unanimidade, do nome do poeta nascido em Campinas para ser patrono do CPAC. Desde então, todos os anos, durante a semana que lhe é consagrada, o Centro de Poesia e Arte cultua a memória e o trabalho do poeta. As reuniões e solenidades são realizadas na Academia Campinense de Letras. O atual presidente do Centro é Roberto Esteves Martins.

      Rua Maria Monteiro

      Maria Monteiro nasceu em 16 de janeiro de 1870 e tinha a música no sangue: era filha de uma família de organistas e sobrinha do maestro Carlos Gomes. Aos 13 anos, brilhou na inauguração da Matriz Nova (Catedral), interpretando Ave Maria, do compositor Giuseppe Saverio Mercadante. Em 1886, Maria Monteiro encantaria o imperador D. Pedro II e a imperatriz Teresa Cristina, que visitavam Campinas. Conseguiu uma bolsa para estudar em Milão, na Itália. Na Europa, casou-se com o rico comerciante genovês Ermenegildo Grandi. Morreu jovem, em 1897. A rua que leva o seu nome em Campinas é uma das principais do bairro Cambuí.

       

      Publicada em 12/9/2010
      Revista Metropole
      Memorável - Poesia, fé e coragem
      Janete Trevisani
      janete@rac.com.br





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