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“ Todo artista não morre 100%, ele continua vivo em suas obras e isso que mais me emociona, os meus vitrais durarão por décadas “ Ton Geuer 1920 - 2010
Última homenagem:
O último adeus a Ton Geuer, acontecerá a partir das 17h de hoje (20 de setembro), no Cemitério Parque da Aléias, localizado na Alameda dos Flamboyants, s/nº - Jardim das Palmeiras.
Seu sepultamento será realizado no dia 21 de setembro, às 9h.
Nota de falecimento
Aos 89 anos, por uma infecção generalizada nos órgãos, faleceu nesta manhã, 20 de setembro, às 9h35, o artista holandês radicado em Campinas (Brasil) - Antonius Lambertus Maria Geuer - Ton Geuer. Sua história é marcada pelo seu talento e conhecimento em vitrais adquirido por sua origem familiar, que o tornou referência na confecção dos vitrais e mosaicos, transformando cacos de vidros coloridos e de texturas diferentes unidos por chumbo em obras de arte.
A história do Artista
Em uma história marcada por 10 mudanças entre cidades da Holanda e Alemanha, chegando
na América, em 1938, Ton Geuer, que na época tinha apenas 18 anos, veio acompanhando seus pais, após a indicação de um pároco holandês, para Bolívia.
O ingresso para o novo país era em busca da agricultura, mas como o local não propiciava a plantação, a arte reinou e Ton pode se aperfeiçoar em novas técnicas sobre cerâmica e vidros, contudo o holandês acreditava, ainda, não possuir tanto talento quanto seu pai e avô.
Anos depois Ton veio a se casar e seu sogro incentivou-o a investir em laticínios, sendo assim, por um tempo, o artista se manteve entre queijos e iogurtes, mas depois de certo período surgiu à concorrência, com isso ele resolveu tomar outro rumo e veio sozinho, visitar o Brasil para conhecer melhor o país, pois estava com a intenção de morar próximo de Holambra para facilitar a compra de leite e vender seus produtos para São Paulo.
Após conhecer o povo e algumas de suas cidades, resolveu que este era o país onde queria morar conseguiu um emprego, vendeu tudo o que tinha na Bolívia, passou a fabrica de laticínios para seu cunhado e veio para Campinas em outubro de 1960 com sua esposa, também holandesa – Catharina e quatro dos seis filhos que nasceram antes de estar no Brasil.
Mas o emprego garantido não deu certo e Ton Geuer teve uma longa caminhada, até assumir o papel de um dos, nacionalmente, mais conhecidos e respeitados vitralistas.
Como começou em uma época onde os vitrais eram relacionados basicamente a ações religiosas seu primeiro trabalho foi na igreja São José, na Vila Industrial, arte essa que foi destruída nove anos depois devido a um forte granizo. Neste mesmo período Ton também se mudou do bairro Taquaral (local de origem do seu ateliê) para Barão Geraldo, onde mostrou que “santo de casa também faz milagre”, pois dificilmente alguém passa pela Rua José Martins, seu atual endereço, sem reparar nos mosaicos e vitrais da casa de número 1.549. A própria fachada e o jardim da residência funcionam como galeria e laboratório para suas criações e o interior parece uma catedral em miniatura, com a luz natural filtrada pelos fragmentos de vidro colorido.
Em toda sua história Ton Geuer foi sinônimo de qualidade no ramo e seus trabalhos podem ser conferidos em diversas igrejas de Campinas e do Brasil, entre elas Divino Salvador, Nossa Senhora de Fátima, Santa Isabel, Capela do Liceu, do Colégio São José, duas janelas da Capela da Puc Campinas (projeto de Claudio Pastro e muitas cidades do Brasil todo).
A trajetória de Ton Geuer em Campinas ainda inclui a participação da fundação do antigo curso de educação artística da Pontifícia Universidade Católica (PUC), onde ensinou técnicas de vitral de 1971 a 1985 a realização de trabalhos para o Royal Palm Plaza Hotel e Resort (projeto do arquiteto Sergio de Oliveira), o painel “Vento“ exposto na Expoflora em Holambra, cúpulas do Bar do Jockey Club de Campinas e de diversos projetos residenciais em quase todos os condomínios da região de Campinas, incluindo Alphaville, Duas Marias, Rio das Pedras, Barão do Café, entre outros, distribuído, também, nacionalmente.