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      01/10/2010 | Condepacc debate remoção do fosso

      A polêmica sobre a permanência ou eliminação do fosso do Teatro José de Castro Mendes chegou ontem ao Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc) e serviu para deixar claro que o pano de fundo de toda a discussão não é se o espaço da orquestra fica ou se sai, mas a falta de perspectiva da cidade voltar a ter um teatro municipal com capacidade para receber óperas, balés e grandes espetáculos.

      O conselho aprovou moção a ser encaminhada ao prefeito Hélio de Oliveira Santos (PDT) apelando para que a Administração implante um novo teatro ainda nessa gestão em prédio a ser construído especificamente para ele.

      A Prefeitura planeja implantar um teatro em um edifício de 1903, com 6,5 mil metros quadrados, dentro do pátio ferroviário central, onde funcionaram as oficinas da Companhia Mogiana de Estrada de Ferro.

      O teatro é parte do projeto de utilização de toda a área elaborado pelo arquiteto Jaime Lerner. Há também estudos para que o teatro seja na região do bairro Campo Grande, mas até agora não existe um projeto executivo para esse novo equipamento.

      O Teatro Castro Mendes está em reforma e as obras preveem a retirada do poço de orquestra, uma extensão de 9 metros do palco. Segundo o projeto do especialista em acústica José Augusto Nepomuceno, com a retirada, o teatro ganharia mais quatro fileiras e, o público, proximidade com o espetáculo, o que tornaria o Castro Mendes um teatro mais intimista. A opção pela retirada do poço deve-se também ao fato de suas dimensões não serem condizentes com as do palco.

      O conselheiro Sérgio Galvão Caponi, representante da Academia Campineira de Letras e Artes, chegou a pedir o tombamento do fosso do Castro Mendes ontem, na tentativa de salvar aquele espaço. Mas acabou retirando o pedido diante da promessa do secretário de Cultura e presidente do Condepacc, Arthur Achilles Gonçalves, de que ainda nessa Administração Campinas ganhará um novo equipamento. “Ele garantiu que o teatro será inaugurado dia 12 de dezembro de 2012, ou seja nove dias antes do fim do mundo”, ironizou.

      Caponi defendeu a manutenção do fosso porque, segundo disse, é preferível ter um fosso “meia-boca” do que “boca nenhuma”. O conselheiro informou que houve a promessa do secretário de que o fosso do Centro de Convivência será recuperado e utilizado até que o novo teatro fique pronto. O secretário foi procurado ontem a tarde, mas não retornou as ligações.

      “Se a Prefeitura tivesse projeto de um teatro decente para Campinas não estaria havendo essa briga toda”, afirmou o conselheiro João Manoel Verde, representante da Associação Regional dos Escritórios de Arquitetura (Area).

      “Sem o projeto, estamos tentando salvar o teatro que temos e seu fosso”, afirmou.

      Para o arquiteto, seria importante a permanência do equipamento no Castro Mendes para que a cidade pudesse ter oportunidade de receber espetáculos. “Se não podemos ter um teatro 100% então vamos ter um 60% e manter o fosso”, disse.

      Para a conselheira Adriana Flosi, representante da Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic), a luta tem que ser maior que a defesa do fosso da orquestra. “Temos que ter um teatro de verdade. Os argumentos técnicos para a retirada do fosso me convenceram e acho mesmo que ele não é adequado. Não me conformo de não termos um grande teatro, um centro de convenções, por isso acho que nossa luta tem que ir além de um fosso”, afirmou.

      A historiadora Daisy Ribeiro, responsável pela Coordenadoria Setorial do Patrimônio Cultural (CSPC), disse que o conselho decidiu discutir o assunto porque o uso cultural daquele espaço onde está o teatro é tombado como patrimônio. O conselho não tem poder de veto à retirada do fosso da orquestra, porque o prédio do teatro não é tombado, mas apenas o seu uso. “O fosso foi a gota d’água em uma discussão que é mais ampla em Campinas, ou seja, as deficiências dos equipamentos culturais. É consenso que a cidade precisa de um teatro que possa receber todo tipo de apresentação”, afirmou.

      Convivência ainda aguarda por reformas

      Enquanto um teatro está fechado, em obras, outro, o Centro de Convivência Cultural Carlos Gomes, espera por reforma, com goteiras, cheiro de mofo e em condições precárias. Em junho, a Prefeitura anulou a concorrência para a recuperação estrutural e reparo da impermeabilização porque a única empresa habilitada na licitação foi desclassificada por apresentar preços unitários excessivos e cronograma físico e financeiro em desacordo com o edital. Assim, a edificação modernista terá que esperar ainda mais um tempo para o fim das goteiras e infiltrações, dos camarins danificados, vasos sanitários entupidos, chuveiros que não funcionam e das constrangedoras reclamações de atores no meio de espetáculos.

      Com valor estimado em R$ 2,4 milhões, esta fase da obra visa resolver o principal problema do teatro, que são as infiltrações. Para isto será aplicado nos degraus do Teatro de Arena e em toda a área externa um novo produto desenvolvido que forma uma manta impermeabilizante. Esse material foi aplicado no prédio da Fuvest, na Universidade de são Paulo, onde estão os arquivos dos vestibulares. Ali, as infiltrações eram constantes. O produto foi aplicado há três anos e os problemas acabaram. (MTC/AAN)

      SAIBA MAIS

      Adaptado no antigo prédio Cine Casablanca, o Teatro Municipal Castro Mendes é considerado o maior e principal teatro público de Campinas. Inaugurado em 1974, possui capacidade para 831 espectadores. É localizado na Vila Industrial próximo ao Centro da cidade e recebeu grandes peças com artistas famosos. Atualmente, o teatro está sendo reformado. Fechado há três anos, nesse período passou por troca de telhas, descupinização, impermeabilização e demolição das paredes internas. A recuperação vai custar R$ 8,5 milhões. O número de lugares será ampliado para 850, contando com uma plateia superior que forma um “U” e que terá acesso por meio de escadas e elevador. Na lista para reforma estão toda a parte elétrica, hidráulica e acústica. A iluminação cênica será de última geração, assim como a sonorização.

      Maria Teresa Costa
      DA AGÊNCIA ANHANGUERA
      teresa@rac.com.br



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