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Crianças e adolescentes em risco: uso de aparelhos eletrônicos aumenta os vícios posturais
80% da população com até 18 anos sofre com dores lombares, torácicas e cervicais
Os pais de jovens e adolescentes devem ficar cada vez mais atentos com a postura dos filhos. O aumento do uso de celulares, computadores e tablets por longas horas tem elevado os chamados vícios posturais. E o resultado dessa má postura está se refletido na saúde dos jovens, através de ombro jogado para frente, cifose acentuada (mais conhecida como corcunda), aparência de mama caida (nas mulheres), hiper lordose, retificação da lordose lombar, entre outros problemas.
Atualmente, cerca de 80% da população economicamente ativa, com até 18 anos de idade, já sofre com dores lombares, torácicas e cervicais. Recentemente, um levantamento realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), na Região Metropolitana de Campinas (RMC), entre 2012 a 2015, apontou mais 24 mil adolescentes entre meninos e meninas com problema de encurvamento anormal da coluna vertebral.
Segundo o médico ortopedista e traumatologista Kennedy Costa, da Clinica Vascular e Ortopédica (CVO) e do Hospital Dr. Mário Gatti, de Campinas (SP), os problemas decorrentes da má postura corporal, seja em jovens, adolescentes ou adultos, são muitos. Os principais reflexos são as dores nas costas - mecânica ou muscular -, com uma espécie de queimação, ou a dor que vem pela contratura da musculatura pelo número de horas que a pessoa fica em uma determinada posição.
"A boa postura corporal é mais que algo para melhorar a aparência. Sem ela a saúde pode ser seriamente comprometida", explica o especialista. Ele conta que as causas mais comuns diagnosticadas para a má postura estão relacionadas diretamente ao uso de computadores, celulares e tabletes, que acentuam a cifose torácica. "Isso ocorre pelo número de horas que as pessoas passam em frente ao computador, olhando no celular, com a cabeça baixa e o tronco projetado para frente", exemplifica "Isso acaba aumentando a cifose da coluna torácica", completa.
O ideal é que os pais procurem solucionar a má postura dos filhos logo na infância ou adolescência, que são as fases de crescimento e quando ainda é possível obter uma boa correção. "Diferentemente da fase adulta, após os 18 anos, em que cessa a maturidade esquelética, já começa a se tornar mais difícil a correção, pois as vértebras já estão todas estruturadas", garante o especialista.
O ortopedista e traumatologista lembra que é muito importante, em crianças e adolescentes, fazer uma radiografia para diagnóstico do problema para saber se realmente é postural, ou se já é um problema estrutural, como, por exemplo, uma escoliose ou algum outro problema relacionado à coluna, e não à postura da criança ou adolescente.
"Se desde a infância você conseguir com que a criança entre para uma atividade física, pratique um esporte, alguma coisa que trabalhe o fortalecimento muscular, o alongamento, isso vai ajudar bastante na prevenção e no combate a este tipo de problema no futuro", alerta
RECOMENDAÇÕES
O Doutor Kennedy Costa ressalta, ainda, que a má postura não e um problema exclusivo dos jovens e adolescentes. Ela atinge cada vez mais os adultos. Por isso é muito importante trabalhar a parte ergonômica na escola, dirigindo ou no trabalho. Procurar adequar a cadeira em uma postura melhor, procurar colocar o tablet, laptop ou mesmo o celular em uma altura que você consiga manter o queixo paralelo ao solo, para evitar a cifose, a posição da cabeça baixa.
No caso de adulto, existem trabalhos como RPG (Reeducação Postural Global), musculação, natação e pilates, que podem ser feitos para melhorar o fortalecimento da musculatura. "Nas crianças a idéia não é fortalecer, mas sim melhorar a postura. O fortalecimento vem também como conseqüência do trabalho físico."
O especialista lembra que é importante que a pessoa que esteja com problema postural e sofrendo com suas conseqüências também passar por um ortopedista especialista em coluna. Nesta consulta ele passará por avaliação da coluna e de membros, para que haja uma diferenciação. Se for notada que o problema não é postura, mas estrutural, é preciso tomar outras medidas. "Este diagnóstico é muito importante para o ortopedista poder direcionar qual seria o tratamento mais adequado ao paciente", conclui Doutor Kennedy Costa